BID defende multilateralismo e comércio na América Latina em meio a tensões tarifárias dos EUA

A Reunião Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), encerrada neste domingo em Santiago, no Chile, destacou o multilateralismo e o comércio internacional na América Latina como temas centrais. Em um contexto de tensões comerciais globais, exacerbadas pela política de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a instituição e seus parceiros buscaram fortalecer as relações comerciais e multilaterais. Mario Marcel, ministro da Fazenda chileno, ressaltou a complexidade do cenário comercial atual e previu um ano de "muitas mudanças e notícias".

Ilan Goldfajn, presidente do BID, enfatizou a importância de tornar a América Latina mais segura e próspera, afirmando que isso beneficiaria todo o continente. Durante o evento, ele comparou a flexibilidade a uma força, citando a estrutura do local onde a reunião ocorreu, uma antiga estação de trem, que foi projetada para se adaptar à pressão. Goldfajn também abordou as preocupações sobre a possível saída dos Estados Unidos do BID, mas afirmou que a instituição está ampliando seus recursos para aumentar sua capacidade de empréstimos, passando de US$ 25 bilhões por ano para US$ 38 bilhões até 2030.

Na reunião, foi aprovado um aumento de capital de US$ 3,5 bilhões para o BID Invest, o braço de investimento privado do banco. Dezenove países já assinaram a subscrição de ações, enquanto outros quatorze estão em processo. Goldfajn destacou que mais de 70% dos membros do BID estão comprometidos com esse aumento de capital, o que fortalece a instituição. O evento também resultou na assinatura de 11 acordos em áreas como comércio digital e inovação financeira, além do lançamento de três novos programas focados em infraestrutura e resiliência a desastres naturais.

A próxima reunião anual do BID está agendada para março de 2026, no Paraguai. O evento, que contou com a participação de cerca de 4,8 mil pessoas de 59 países, foi considerado um sucesso pelo presidente do BID, que destacou a importância do setor privado como multiplicador de recursos para o desenvolvimento da região. A instituição continua a trabalhar para fortalecer a economia latino-americana em um cenário global desafiador.