01 de jul 2025
Aluguel de luxo se torna tendência entre cariocas em busca de sofisticação
Déficit habitacional no Rio de Janeiro atinge 544.275 domicílios, enquanto aluguel se torna cada vez mais inacessível para a população.

A praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress)
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Nos últimos anos, morar de aluguel no Rio de Janeiro tornou-se um desafio crescente. O aumento dos preços forçou muitos a se mudarem para áreas periféricas. Em 2024, o estado registrou um déficit habitacional de 544.275 domicílios, o maior desde 2016, com 58% das famílias comprometendo mais de 30% da renda com aluguel.
A situação é agravada pela explosão de imóveis no Airbnb. Em 2023, mais de 28 mil propriedades estavam disponíveis na plataforma, com uma diária média de R$ 306 e taxa de ocupação de 57%. Isso gera uma renda anual superior a R$ 60 mil por imóvel, enquanto o aluguel tradicional de um imóvel de 70 m² rende cerca de R$ 42 mil por ano. Como resultado, muitos proprietários optam por alugar por temporada, reduzindo a oferta de moradias permanentes.
Impacto no Mercado Imobiliário
Na Zona Sul, a oferta de imóveis para locação tradicional caiu 27% em dois anos. O valor médio do aluguel aumentou de R$ 40,16/m² em 2023 para R$ 45,79/m² em 2024, uma alta de quase 20% em um ano. Essa dinâmica de mercado resulta em menos oferta e aluguéis mais altos, forçando um deslocamento populacional para regiões já precarizadas, como as zonas Norte e Oeste.
Enquanto isso, o mercado imobiliário prospera. O que é apresentado como "desenvolvimento" resulta em exclusão e precarização. O poder público permanece inerte, permitindo que o mercado defina as regras. Cidades como Lisboa e Nova York já regulam plataformas como o Airbnb, enquanto o Rio de Janeiro enfrenta especulação imobiliária e gentrificação.
Necessidade de Regulação
A regulação do Airbnb é uma medida urgente, mas não suficiente. É necessário limitar o número de imóveis por CPF/CNPJ nas plataformas e proibir a locação turística de imóveis inteiros em áreas com déficit habitacional. Medidas como IPTU progressivo sobre imóveis vazios e garantir a função social da propriedade são essenciais.
Enquanto o Rio de Janeiro continuar a ser um terreno fértil para especuladores, a população será empurrada para longe de suas casas. A cidade deve ser um espaço para quem vive nela, não apenas para quem lucra com ela.
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