São Paulo e Rio enfrentam grandes perdas com tarifas de Trump em agosto

Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul enfrentam um cenário desafiador com a iminente implementação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump. A medida, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, gera preocupações significativas nas indústrias locais, que dependem fortemente do comércio exterior.

De acordo com dados da Amcham Brasil, esses cinco estados foram responsáveis por 73% das exportações brasileiras para os Estados Unidos no primeiro semestre de 2023. São Paulo liderou com US$ 6,4 bilhões, destacando-se na venda de aeronaves, suco de frutas e equipamentos de engenharia. O impacto na Embraer, que tem 24% de sua receita exposta ao mercado norte-americano, é considerado crítico.

O Rio de Janeiro contribuiu com US$ 3,2 bilhões, principalmente em óleos brutos de petróleo e produtos semiacabados de ferro e aço. Minas Gerais arrecadou US$ 2,5 bilhões com café e ferro gusa, enquanto o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul somaram US$ 1,6 bilhão e US$ 950 milhões, respectivamente, com produtos como celulose e tabaco.

Reações do Setor

A reação das associações empresariais é de preocupação. O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, lamentou que o anúncio de Trump é um "grande balde de água fria" para o setor calçadista, que já mostrava sinais de recuperação. Em junho, as exportações de calçados brasileiros cresceram 24,5%, com os EUA liderando esse aumento.

Analistas, como o economista Felippe Serigati, indicam que, embora o impacto geral das tarifas seja moderado para o Brasil, setores específicos como suco de laranja e carne podem sofrer consequências severas. A busca por novos mercados não é uma tarefa simples, e a redução nas vendas pode levar a cortes de produção e demissões.

Impacto nos Portos

Os portos também sentirão os efeitos das tarifas. O porto de Santos foi responsável por mais de um terço das exportações brasileiras para os EUA no primeiro semestre. Outros portos, como Itaguaí e Vitória, também têm participação significativa nas remessas. A expectativa é que a diminuição do fluxo comercial afete diretamente as receitas portuárias, que representam cerca de 90% das exportações para os EUA.

Governadores dos estados afetados, como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Claudio Castro (Rio de Janeiro) e Romeu Zema (Minas Gerais), já buscam soluções para mitigar os danos. A situação se agrava com a pressão política e econômica, exigindo uma resposta rápida e eficaz para enfrentar os desafios impostos pelas novas tarifas.