Embaixadas alertam sobre risco de desistência na COP-30 com cartas oficiais

A COP-30, primeira conferência do clima a ser realizada no Brasil, ocorrerá em Belém entre 10 e 21 de novembro. O evento enfrenta desafios logísticos, com preocupações sobre a infraestrutura e a escassez de acomodações, que podem impactar a participação de diversas nações.

Telegramas obtidos pelo Estadão revelam que países como China, Noruega e Alemanha expressaram receios sobre a alta demanda por hospedagem e os custos elevados. A embaixada norueguesa indicou que pode reduzir sua delegação devido a esses fatores. O governo brasileiro, em parceria com o governo do Pará, busca ampliar as opções de hospedagem, incluindo reformas em hotéis e adaptações de escolas para funcionar como hostels.

Os preços de locação em Belém durante a COP-30 podem chegar a R$ 2,2 milhões em algumas unidades, enquanto em cidades vizinhas, como Ananindeua, o custo total pode ser de R$ 600 mil. A embaixada da China relatou dificuldades em reservar hotéis, citando a baixa disponibilidade e os altos preços. A situação é preocupante, pois pode levar a uma diminuição no número de representantes de países que não conseguem arcar com os custos.

Desafios Logísticos

A organização da COP-30 enfrenta atrasos na plataforma de gerenciamento de hospedagem, que ainda não foi lançada. O governo brasileiro anunciou a contratação da empresa Bnetwork para operar o site, que já atuou em conferências anteriores. A expectativa é que a plataforma esteja disponível em breve, mas a falta de informações claras sobre a logística continua a gerar incertezas.

Além disso, a participação dos Estados Unidos na conferência pode ser afetada pela ausência de representantes do governo federal, após a decisão de Donald Trump de retirar o país do Acordo de Paris. No entanto, a presença de entidades subnacionais, como o governo da Califórnia, pode compensar essa lacuna.

A COP-30 é vista como um evento crucial, especialmente após 2024 ter sido o primeiro ano com temperatura média global acima de 1,5ºC em relação ao nível pré-industrial. A infraestrutura deficiente pode prejudicar a conferência, conforme alertou Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima. A alta demanda por hospedagem em Belém pode provocar variações nos preços, uma dinâmica comum em eventos de grande porte.