15 de jul 2025
Planos de saúde para idosos se tornam artigo de luxo e preocupam especialistas
Setor de saúde enfrenta crise com queda de jovens e aumento de idosos, exigindo reestruturação urgente para evitar custos insustentáveis.

Nelson Roberti, de 84 anos, e a filha, Tatiana, reclamam do alto custo e queda de qualidade do plano de saúde (Foto: Felipe Rau/Estadão)
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Os dados mais recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revelam uma queda de 7,6% no número de jovens com planos de saúde entre 2013 e 2023, enquanto a população idosa, especialmente acima de 60 anos, cresceu 32,6% no mesmo período. Esse fenômeno, segundo especialistas, destaca a urgência de uma reestruturação no setor de saúde, que deve focar no acompanhamento de doenças crônicas e na prevenção de complicações.
Historicamente, a presença de um número maior de jovens entre os beneficiários ajuda a equilibrar os custos crescentes associados ao envelhecimento. No entanto, crises econômicas e a pandemia impactaram o emprego formal, reduzindo o número de jovens com planos. Atualmente, 83% dos 50 milhões de brasileiros com convênios médicos são clientes de planos empresariais. A faixa etária de 25 a 29 anos foi a que mais sofreu, com uma redução de 18,1%.
O aumento da população idosa é acelerado no Brasil, em comparação com outros países. A proporção de idosos entre os clientes de convênios subiu de 11,4% para 14,4% na última década. José Cechin, superintendente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), observa que o envelhecimento populacional está ocorrendo em um ritmo mais rápido, o que traz desafios significativos para o setor.
Desafios e Custos
Os idosos tendem a permanecer mais tempo nos planos de saúde, o que gera uma menor rotatividade. Martha Oliveira, especialista em envelhecimento, destaca que, embora os idosos custem mais ao plano, eles também pagam mensalidades mais altas. Um estudo do IESS indica que o custo médio de um beneficiário acima de 60 anos é seis vezes maior que o de um usuário de 0 a 18 anos.
Cechin alerta que, se não forem implementadas mudanças, os custos dos planos de saúde podem se tornar insustentáveis, tornando-os um "artigo de luxo". Ele sugere que operadoras e empregadores devem desenvolver ações de prevenção e promoção da saúde para mitigar esses custos.
Exemplos Internacionais
A experiência de países que já enfrentaram o envelhecimento populacional pode servir de modelo. Cechin menciona iniciativas na Holanda e na Alemanha, que reorganizaram seus sistemas de saúde para atender melhor a população idosa. A França também implementou mudanças significativas, focando no cuidado domiciliar e na promoção da autonomia.
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) reconhece que a crise financeira do setor, que resultou em um prejuízo operacional de R$ 10,7 bilhões em 2022, é um reflexo da necessidade de adaptação às novas realidades demográficas. A entidade enfatiza que a tecnologia e a eficiência são essenciais para enfrentar os desafios do envelhecimento populacional.
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