Lula critica altas taxas de juros do consignado e governo propõe limite

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou insatisfação com as altas taxas de juros dos empréstimos consignados privados, em reunião com ministros e representantes de bancos públicos. O encontro, realizado na semana passada, teve como foco a necessidade de um diagnóstico do Ministério da Fazenda e a busca por medidas que possam reduzir essas taxas.

Dados do Banco Central mostram que a taxa média do consignado privado foi de 55,6% ao ano em maio, uma leve queda em relação aos 59,1% de abril, que representou o maior patamar desde o início da série histórica em 2011. Em contraste, as taxas para servidores públicos e beneficiários do INSS foram significativamente menores, com médias de 24,8% e 24,3%, respectivamente.

Uma parte do governo defende a implementação de um teto para os juros do consignado privado, similar ao que já existe para servidores e aposentados. No entanto, outra ala acredita que o produto ainda precisa amadurecer. Em apenas quatro meses, o novo modelo de consignado privado já alcançou cerca de R$ 20 bilhões em concessões, beneficiando aproximadamente 3 milhões de trabalhadores.

Discussões em Andamento

As discussões sobre a redução das taxas de juros incluem a possibilidade de um grupo de trabalho coordenado pelo Ministério da Fazenda. O objetivo é dar continuidade às iniciativas que visam baratear o custo do crédito. Uma autoridade presente na reunião indicou que a prioridade deve ser a diminuição dos juros pelos bancos públicos e a redução do spread bancário.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alertou que a definição de um teto para as taxas do consignado privado pode restringir a oferta do produto, especialmente para trabalhadores de baixa renda. A entidade acredita que, com a implementação completa das funcionalidades do novo modelo e maior familiaridade do público, as taxas devem continuar a cair.

O novo empréstimo consignado, lançado em março, é uma das principais pautas da agenda econômica do governo. A expectativa é que, com a divulgação e a familiarização com o produto, o crédito consignado privado possa ultrapassar R$ 100 bilhões em concessões ainda este ano.