Financial Times destaca Trump como 'imperador do Brasil' em apoio a Lula

A imposição de tarifas de 50% pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros está gerando um efeito inesperado, segundo análise do Financial Times. O colunista Edward Luce argumenta que essa medida, em vez de prejudicar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode estar fortalecendo sua popularidade ao afetar setores que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro, como a pecuária e o café.

Luce destaca que a decisão de Trump é incoerente, já que os EUA mantêm um superávit comercial com o Brasil. Ele critica a lógica mercantilista da tarifa, afirmando que o Brasil deveria ter sido poupado dessa penalização. A medida, segundo o colunista, une os eleitores em torno de Lula, que se posiciona contra a intervenção americana. “Trump foi eleito para governar os EUA, não para ser imperador do mundo”, afirmou Lula em resposta.

Impacto Político

A análise do Financial Times sugere que a reação do governo brasileiro à tarifa tem respaldo popular e pode dar um novo impulso político a Lula. A crítica à abordagem de Trump é reforçada pela comparação com a Turquia, que, apesar de ter um superávit com os EUA, recebeu uma tarifa significativamente menor, de 10%.

Além disso, Luce menciona a tentativa de Trump de pressionar o Brasil a interromper o julgamento de Bolsonaro e punir o ministro Alexandre de Moraes, responsável por investigações relacionadas ao ex-presidente. Essa estratégia, segundo o colunista, representa uma punição ao sistema jurídico de uma democracia-irmã.

Consequências Inesperadas

O impacto das tarifas de Trump, longe de ajudar Bolsonaro, pode estar contribuindo para a recuperação da imagem de Lula. A análise do Financial Times ecoa a avaliação do Washington Post, que também considera que a medida se transformou em um “presente político” para o atual governo brasileiro. A situação revela a complexidade das relações comerciais e políticas entre os dois países, com consequências que vão além do comércio.