Agronegócio se mantém sólido, afirmam especialistas apesar de grandes RJs

Durante a Expert XP 2025, especialistas afirmaram que o setor de agronegócios brasileiro não enfrenta uma crise estrutural, apesar dos recentes casos de recuperação judicial. A afirmação foi feita na learning session “Separando o Joio do Trigo – O Futuro do Agronegócio no Brasil”, onde se destacou a resiliência do setor e a diversificação de produtos.

Otaciano Neto, produtor de café e sócio da Zera.ag, enfatizou que a crise é mais uma questão de gestão de algumas empresas do que um problema generalizado. “O setor é mais resiliente da economia nacional. A agricultura nunca quebra, quem quebra é o agricultor”, declarou. Paulo Mesquita, cofundador da Riza Asset, corroborou que a inadimplência no agronegócio é inferior à de outros setores, como o de financiamentos habitacionais.

Desafios e Oportunidades

Os especialistas reconheceram que as margens de 2024 estão comprometidas, principalmente devido aos altos juros que desincentivam investimentos. Mesquita observou que a divulgação de casos de recuperação judicial pode ter gerado uma percepção distorcida sobre a saúde do setor. “Não é estrutural, a questão foi de alguns produtores”, afirmou.

Gustavo Gomes, da XP Asset, apontou que a SLC Agrícola, uma das maiores do setor, continua a realizar aquisições, o que indica que a crise não é sistêmica. Ele destacou que a diversificação de culturas e a governança são fundamentais para atrair investidores. “Produtores com governança têm capacidade de geração de caixa e patrimônio”, disse.

O Futuro do Financiamento

A nova geração de gestores do agronegócio precisa desenvolver competências técnicas tanto no setor agrícola quanto no mercado de capitais. Otaciano Neto comparou a evolução do financiamento no setor a uma “colcha de retalhos”, onde a diversificação de fundos será crucial. Ele também mencionou que o Fiagro pode ser um importante instrumento nesse processo.

Os participantes do debate concordaram que a taxa de juros é uma preocupação central, com muitos produtores adiando investimentos em infraestrutura e maquinário. “Liquidez é o nome do jogo atual”, concluiu Gomes, ressaltando a cautela dos investidores em tempos de incerteza econômica.