28 de jul 2025
Acordo tarifário de Trump traz pouco alívio para montadoras japonesas diante de ameaças maiores
Fabricantes japoneses de automóveis enfrentam crescente concorrência da China, mesmo com a redução das tarifas de importação nos EUA.

Veículos da Tesla estão alinhados em um pátio de armazenamento de veículos em um porto industrial, no dia em que o presidente dos EUA, Donald Trump, fechou um acordo comercial com o Japão que reduz tarifas sobre importações de automóveis, em Yokohama, perto de Tóquio, Japão, 23 de julho de 2025. (Foto: Kim Kyung-hoon | Reuters)
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Os fabricantes de automóveis japoneses enfrentam um cenário desafiador, mesmo após a recente redução das tarifas de importação nos Estados Unidos, que passaram de 25% para 15%. A medida, anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em 22 de julho, trouxe alívio, mas não é suficiente para mitigar a crescente concorrência da indústria automotiva chinesa.
A China se tornou um competidor formidável, especialmente em mercados onde as marcas japonesas tradicionalmente dominavam, como a ASEAN e a Austrália. A participação de mercado dos fabricantes japoneses na região ASEAN caiu de 68,2% em 2023 para 63,9% em 2024, segundo um relatório da PwC. A competição se intensifica à medida que os veículos chineses, mais acessíveis, se tornam a maior ameaça para a indústria automotiva japonesa.
Além disso, a Austrália, que é o segundo maior mercado de exportação de veículos do Japão, também está vendo uma mudança. Um estudo da Australian Automotive Dealer Association prevê que a China deve ultrapassar outros países como a principal fonte de veículos importados até 2035, aumentando sua participação de 17% para 43%. Em contrapartida, os veículos japoneses devem cair de 32% para 22% nesse mesmo período.
Desafios Internos
Os desafios não se limitam à concorrência externa. A indústria automotiva japonesa enfrenta problemas econômicos internos, como alta inflação e queda no consumo. Enquanto a Toyota continua a se destacar, a Nissan está particularmente vulnerável, com planos de fechar sete das suas 17 fábricas até 2027 e reduzir sua força de trabalho global em 15%.
Analistas como Stefan Angrick, da Moody's Analytics, destacam que, apesar da redução das tarifas, a situação ainda é complexa. A China não apenas se tornou o maior produtor e exportador de veículos do mundo, mas também está avançando rapidamente em inovações em veículos elétricos, pressionando ainda mais os fabricantes estrangeiros.
Perspectivas Futuras
A parceria entre marcas japonesas e a Toyota pode oferecer alguma esperança. A Subaru e a Mazda, por exemplo, têm colaborações com a Toyota, o que pode fortalecer suas posições no mercado. No entanto, a incerteza sobre as tarifas e a competitividade em relação a veículos de outros países, como Coreia do Sul e México, ainda paira sobre o futuro da indústria automotiva japonesa.
A redução das tarifas traz um grau de previsibilidade, mas a luta pela manutenção da participação de mercado e a adaptação às novas dinâmicas do setor automotivo global continuam a ser os principais desafios para os fabricantes japoneses.
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