Investidores recorrem a empréstimos para comprar ações em ritmo de bolhas financeiras

Os investidores estão aumentando de forma agressiva o uso de margem para adquirir ações, sinalizando um clima de exuberância no mercado financeiro. O nível de dívida de margem na Bolsa de Nova York (NYSE) atingiu o quinto maior aumento em dois meses desde 1998, conforme dados do Deutsche Bank. Esse crescimento supera os níveis observados em 2000 e 2007, períodos que antecederam crises significativas.

Jim Reid, chefe de pesquisa macro e temática do Deutsche Bank, destacou que a dívida de margem é o montante que um investidor toma emprestado contra suas ações para comprar mais papéis. O aumento registrado em maio e junho é alarmante, embora não tenha alcançado os extremos de episódios anteriores. Reid observou que a dívida de margem em relação ao PIB já ultrapassa os níveis vistos em 2000 e 2007.

A recuperação do mercado, que começou após as quedas em abril, foi impulsionada por uma alta de mais de 30% no S&P 500 desde o dia 7 de abril, quando o presidente Donald Trump ameaçou tarifas elevadas. O índice atingiu recordes consecutivos na semana passada, refletindo um otimismo renovado entre os investidores.

Atividade Especulativa

Além disso, a atividade especulativa em Wall Street tem chamado a atenção. A recente popularidade de ações conhecidas como "meme stocks", como Opendoor, GoPro e Krispy Kreme, tem sido impulsionada por investidores de varejo que se organizam em plataformas como o Reddit. Esses traders têm se concentrado em ações com altos níveis de posições vendidas, criando situações de "short squeeze" que elevam ainda mais os preços das ações.

Os sinais de exuberância no mercado, combinados com o aumento da dívida de margem, levantam preocupações sobre a sustentabilidade dessa recuperação. O cenário atual é um indicativo de que os investidores estão dispostos a correr riscos significativos na busca por retornos, o que pode ter implicações para a estabilidade do mercado a longo prazo.