Arrecadação dos EUA cresce com tarifas, dificultando revogação futura

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a proposta de distribuir parte da receita gerada por tarifas sobre produtos importados como reembolso para cidadãos de baixa e média renda. Essa medida surge em meio a um cenário em que o governo já arrecadou US$ 152 bilhões até julho de 2023, quase o dobro do montante do ano anterior.

As tarifas, que afetam mais de 60 países, incluindo o Brasil, foram implementadas como parte da estratégia de Trump para reordenar o comércio global. Embora a arrecadação tenha sido vista como um sucesso, analistas alertam sobre a dependência política dessa nova fonte de receita. Se mantidas, as tarifas podem gerar mais de US$ 2 trilhões nos próximos dez anos, mas essa expectativa é considerada otimista por muitos economistas.

A proposta de reembolso, embora ainda sem detalhes claros, foi mencionada por Trump em um momento em que o mercado de trabalho apresenta sinais de tensão. Ele afirmou que a arrecadação tarifária poderia ajudar a compensar cortes de impostos que custarão ao governo cerca de US$ 3,4 trilhões. A combinação de tarifas e cortes fiscais levanta questões sobre a equidade fiscal, já que os mais pobres tendem a ser os mais afetados pelo aumento nos preços dos produtos.

Impacto Econômico

As tarifas já estão pressionando os preços ao consumidor, com empresas anunciando aumentos de preços. Essa situação pode impactar negativamente a economia, reduzindo a arrecadação tradicional de impostos sobre a renda. Americanos de baixa renda são os mais prejudicados, pois gastam uma maior proporção de sua renda em produtos que sofreram aumento de preço.

A dependência das tarifas para financiar programas sociais ou pagar a dívida pode se tornar uma tentação política. Trump e alguns legisladores, como o senador Josh Hawley, já discutem a possibilidade de usar a receita das tarifas para oferecer reembolsos em dinheiro. A forma como essa nova fonte de receita será utilizada pode moldar a política fiscal americana nos próximos anos, enquanto a discussão sobre a reversão das tarifas permanece em aberto.