Empreendedores da Faixa de Gaza mostram como a região se transformou em 8 anos

A Faixa de Gaza enfrenta uma crise sem precedentes, exacerbada pela guerra com Israel iniciada em outubro de 2023. Com 79,7% de desemprego e 85% das empresas fechadas, a economia local entrou em colapso total. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou a intenção de "ter o controle total de Gaza", enquanto a população, que já vivia em condições precárias, agora enfrenta uma pobreza quase universal.

A situação se agravou drasticamente: o Produto Interno Bruto (PIB) contraiu 84,7% e a eletricidade, que antes era fornecida por cerca de 12 horas diárias, foi reduzida a zero em 2024. Antes do conflito, cerca de 56 mil empresas estavam registradas na região, mas agora, aproximadamente 47.600 estão fora de operação, segundo a ONU e o Banco Mundial.

Iniciativas de Tecnologia

Apesar do cenário desolador, iniciativas como a Gaza Sky Geeks tentam manter o ecossistema empreendedor vivo. Fundada em 2011, a incubadora de startups continua operando por meio do programa Elevate 2025, que visa dobrar o número de graduados e criar 50 mil novos empregos até 2025. Em 2024, o programa apoiou mais de 20 empresas com capacitação em marketing e acesso a mercados.

O Ibtikar Fund, que arrecadou US$ 25 milhões para investir em startups palestinas, também se destaca. Com o apoio do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, o fundo busca impulsionar o potencial regional e global das empresas locais.

Desafios e Resiliência

O cenário empresarial de Gaza, que já contava com figuras como Hammam Yazegi, agora enfrenta novos desafios. Yazegi, que liderava o Grupo Yazegi, adaptou suas estratégias para sobreviver à crise, lançando uma agência de marketing para ajudar empresas locais a se reinventarem.

Por outro lado, pequenos agricultores como Akram Abu Khusa enfrentam dificuldades crescentes. Sua produção de morangos caiu para 35 toneladas em 2024, mas ele conseguiu aumentar o preço local, refletindo a alta demanda interna. A escassez de recursos e as restrições de exportação para a Europa impactaram severamente a agricultura na região.

A Faixa de Gaza, marcada por um contexto de dificuldades, continua a ser um terreno fértil para o empreendedorismo, mesmo em meio à crise. As iniciativas locais buscam não apenas sobreviver, mas também inovar e se adaptar a um futuro incerto.