29 de jul 2025
Escrita promove autorreflexão em 'Caderno Proibido' de Alba de Céspedes
A discussão sobre "Caderno Proibido" destaca a atualidade da obra e a luta feminina por identidade em meio a papéis sociais limitantes.

A escritora ítalo-cubana Alba de Céspedes, fotografada na década de 1950 (Foto: Leemage Bridgeman Images via AFP)
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A Comunidade Todas se reuniu nesta segunda-feira (28) para discutir o livro Caderno Proibido, da escritora ítalo-cubana Alba de Céspedes. O encontro contou com a participação da editora Camila Berto, da Companhia das Letras, que destacou a importância da obra na atualidade e a decisão de manter os nomes originais dos personagens na republicação.
Camila Berto compartilhou que sua conexão com a autora começou durante a pandemia, quando ouviu uma editora alemã mencionar Céspedes. Após encontrar uma edição da década de 1960 em um sebo, ela se encantou com a narrativa. A Companhia das Letras decidiu atualizar a linguagem da obra, que foi originalmente publicada entre 1950 e 1951, mas optou por preservar os nomes originais dos personagens, como o de Michele, marido da protagonista Valéria, que na primeira edição brasileira foi traduzido para Miguel.
Caderno Proibido ganhou destaque em clubes de leitura, especialmente pelo clube de Pedro Pacífico, conhecido como Bookster. A autora francesa Annie Ernaux também contribuiu para a popularização da obra, afirmando que a leitura de Céspedes "mudou sua vida". Camila ressaltou que a obra é um reflexo de sua época, abordando a vida de Valéria Cossati, que adquire um caderno proibido para registrar suas experiências como mãe e esposa, revelando a luta por sua identidade em um contexto social que a reduz a esses papéis.
Reflexões sobre a Obra
Os participantes do encontro refletiram sobre a relevância da obra no contexto atual. A leitora Ana Fragoso destacou que o caderno, para Valéria, simboliza a busca por um espaço pessoal em uma sociedade que a considera apenas uma cuidadora. Ana Carolina Rodrigues observou que, apesar de Valéria ser a responsável pelo lar, ela não encontra um lugar que realmente lhe pertença.
A discussão também abordou as transformações sociais provocadas pela guerra, com Maridite Oliveira mencionando as mudanças no papel feminino no mercado de trabalho. Anne Hilling expressou sua indignação em relação às situações descritas no livro, especialmente a culpa que Valéria sente por ter desejos próprios.
A iniciativa da Comunidade Todas inclui a promoção de leituras coletivas, com obras que abordam a condição feminina, como Manifesto Antimaternalista, de Vera Iaconelli, e A Vegetariana, de Han Kang. Além disso, a Folha oferece três meses de assinatura digital gratuita para mulheres, como parte do projeto.
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