Astrid Roemer retrata o Suriname e faz analogia entre homens e cobras
Astrid Roemer provoca reflexões sobre racismo e misoginia na Flip 2025, destacando a luta das mulheres negras em um mundo patriarcal

Astrid Roemer, escritora surinamesa, é uma das convidadas da Flip 2025 (Foto: Raúl Neijhorst/Divulgação)
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Astrid Roemer, escritora surinamesa de 78 anos, é uma das convidadas da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2025. A autora, que ganhou notoriedade com a tradução de sua obra "Sobre a Loucura de uma Mulher" para o inglês e, mais recentemente, para o português, discute temas como racismo, sexualidade e misoginia.
Roemer, que escreve em holandês, viu sua obra ser indicada ao Prêmio Booker Internacional, um feito notável considerando que se passaram 43 anos desde sua publicação original. Em sua narrativa, a protagonista Noenka reflete sobre a experiência de ser uma mulher negra em um contexto patriarcal. "A sociedade está estruturada no que chamamos de patriarcado", afirma a escritora, ressaltando que essa estrutura não se limita a figuras como Donald Trump.
A autora, que voltou a morar no Suriname há quatro anos, tem uma trajetória rica, tendo vivido em diversas cidades europeias. Sua obra, que abrange poesia e prosa, é marcada por uma busca pela linguagem que expressa dor e trauma, especialmente entre as mulheres surinamesas. "Sou uma mulher velha agora, mas espero que suas filhas ajudem a curar a sociedade", diz Roemer, incentivando as novas gerações a continuarem escrevendo.
Reflexões sobre Identidade
Roemer também aborda a complexidade de escrever em uma língua colonizadora. Ela critica a conotação negativa associada à cor da pele em expressões como "mercado negro". A escritora destaca a importância de encontrar novas formas de se expressar, especialmente em um mundo onde a língua holandesa pode estar em declínio no Suriname.
Além de sua carreira literária, Roemer é terapeuta de família, e essa experiência influencia sua escrita. Ela busca entender as metáforas que as mulheres usam para descrever suas dores e traumas. Em "Sobre a Loucura de uma Mulher", a simbologia das cobras aparece como uma representação do sofrimento e da opressão.
Roemer, que já enfrentou controvérsias por suas declarações sobre a política surinamesa, continua a se posicionar de forma firme. "Nunca, nunca penso em receber qualquer prêmio", afirma, enfatizando sua liberdade de expressão. Com sua presença na Flip, a escritora busca não apenas compartilhar sua obra, mas também fomentar um diálogo sobre questões sociais relevantes.
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