Viagem de autocarro revela desafios da diáspora ucraniana em meio à guerra

Milhões de ucranianos, principalmente mulheres e crianças, buscam retornar temporariamente a suas casas após o deslocamento causado pela guerra na Ucrânia. Um jornalista compartilha sua experiência de viagem de Barcelona a Kiev de ônibus, enfrentando dificuldades e conhecendo histórias de outros ucranianos.

No dia seis de maio, na estação de ônibus de Florenc, em Praga, um casal de italianos se surpreendeu ao descobrir que o ônibus que estava prestes a embarcar tinha como destino a Ucrânia. O jornalista, que estava prestes a iniciar sua jornada de três mil e trezentos quilômetros, decidiu documentar as experiências da diáspora ucraniana. O trajeto, que durou cinquenta e cinco horas, foi motivado pela necessidade de retratar as dificuldades enfrentadas por aqueles que retornam ao país.

Durante a viagem, o jornalista conheceu Aliona Soroka, que havia se mudado para a Espanha no início da guerra. Ela voltou a Kiev com suas filhas para as festas de Natal e optou pelo ônibus devido ao custo mais acessível em comparação com o avião. O preço de um bilhete de avião entre Barcelona e Cracóvia pode chegar a R$ 160,00, enquanto a passagem de ônibus custa cerca de R$ 120,00, incluindo bagagens.

O ônibus se tornou um espaço de troca de histórias e experiências. Entre os passageiros, havia ucranianos que retornavam para visitar familiares e amigos. Lialia, uma mulher de cinquenta anos, compartilhou suas memórias da guerra e expressou seu descontentamento com a situação atual do país. A viagem também foi marcada por um controle de imigração rigoroso na fronteira entre Polônia e Ucrânia, onde os passageiros enfrentaram longas filas sob a chuva.

Ao chegar à estação central de Kiev, o jornalista foi recebido por Aliona, que lhe trouxe um café e um croissant. Quatro dias após a chegada, ela agradeceu pela ajuda, revelando que agora conseguia dormir melhor sem o som das sirenes de alerta. A jornada, embora desafiadora, proporcionou um vislumbre das vidas que continuam a ser afetadas pela guerra na Ucrânia.