19 de jul 2025
Congo e rebeldes do M23 assinam acordo para pôr fim a décadas de conflito
RDC e M23 firmam acordo no Catar para cessar hostilidades e negociar paz até 18 de agosto, em meio a grave crise humanitária.

Membros do M23 patrulham Goma, na República Democrática do Congo, após grupo armado tomar a cidade e agravar a crise humanitária na região (Foto: Guerchom Ndebo/The New York Times)
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Após meses de negociações, a República Democrática do Congo (RDC) e o grupo rebelde M23 assinaram uma declaração de princípios no Catar, visando encerrar um conflito que se arrasta há décadas no leste congolês. O acordo, firmado neste sábado, estabelece um cessar-fogo permanente e prevê a assinatura de um tratado de paz até 18 de agosto.
O entendimento ocorre em um contexto de grave crise humanitária, com a ONU classificando o conflito como uma das crises mais prolongadas e complexas do mundo. A RDC e Ruanda, acusada de apoiar os rebeldes, já haviam firmado um tratado de paz em Washington semanas antes. O novo acordo inclui compromissos para interromper a propaganda de ódio e evitar novos avanços militares.
Compromissos e Expectativas
As partes envolvidas se comprometeram a iniciar negociações formais para um acordo abrangente e a criar um mecanismo que assegure a trégua a longo prazo. O presidente da União Africana, Mahmoud Ali Youssouf, destacou a importância do acordo, considerando-o um avanço significativo para a paz e estabilidade na região dos Grandes Lagos.
O M23, que intensificou suas ofensivas no início do ano, ocupa áreas estratégicas como as cidades de Goma e Bukavu. O grupo, formado majoritariamente por combatentes da etnia tutsi, exige maior representação política e acusa o governo de Kinshasa de não cumprir compromissos anteriores.
Raízes do Conflito
O conflito no leste da RDC tem raízes profundas, ligadas ao genocídio de Ruanda em 1994, que resultou em cerca de 800 mil mortos. A presença de mais de cem milícias armadas na região, rica em minerais como cobalto e coltan, alimenta um ciclo de violência e instabilidade. A situação é agravada pela presença de tropas de países vizinhos, aumentando o risco de uma guerra regional.
Recentemente, o Catar facilitou um encontro entre o presidente congolês, Félix Tshisekedi, e o líder ruandense, Paul Kagame, que resultou em um pedido conjunto por um cessar-fogo imediato. As negociações diretas entre a RDC e o M23, realizadas em Doha, marcam uma mudança significativa na postura do governo congolês, que anteriormente se recusava a dialogar com o grupo.
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