22 de jul 2025
Irã expulsa mais de um milhão de afegãos em meio a crescente xenofobia
Irã deporta mais de 1,2 milhão de afganos desde janeiro, intensificando a discriminação e a violência contra essa população vulnerável.

Refugiados afganos expulsos do Irã, no posto de fronteira de Islam Qala, na província de Herat, no dia 12. (Foto: SAMIULLAH POPAL/EFE)
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A situação dos refugiados afganos no Irã se agrava com deportações em massa. Desde janeiro de 2024, mais de 1,2 milhão de afganos foram forçados a retornar ao seu país, em meio a um clima crescente de xenofobia e discriminação. As autoridades iranianas intensificaram as expulsões, especialmente após acusações de espionagem ligadas a conflitos regionais.
A Organização Internacional de Migrações (OIM) relatou que, entre janeiro e junho, cerca de 714 mil afganos foram deportados, muitos sem documentos. A maioria dos deportados alega ter voltado por medo de represálias, com relatos de redadas policiais e ameaças de expulsão. As condições na fronteira afegã são precárias, com muitos refugiados sem abrigo ou recursos.
Aumento da Violência e Discriminação
A xenofobia contra os afganos no Irã se intensificou, exacerbada por uma campanha de desinformação que os culpa por problemas sociais, como a pobreza e a criminalidade. Vídeos nas redes sociais mostram agressões a migrantes, refletindo um clima hostil. A ativista Mahboba Afzali, que fugiu do regime talibã, denuncia o tratamento violento que os afganos recebem, incluindo discriminação em hospitais.
O governo iraniano, por sua vez, justifica as deportações com alegações de que os afganos estariam envolvidos em atividades de espionagem. Desde o início de um conflito com Israel, as autoridades aumentaram as pressões sobre a comunidade afegã, levando a um aumento nas deportações. Em um único período, mais de 500 mil afganos foram forçados a retornar entre junho e julho.
Desafios no Retorno
Os deportados enfrentam um retorno a um Afeganistão devastado, onde 90% da população vive na pobreza. As organizações humanitárias alertam que muitos não têm para onde ir, pois passaram anos no Irã ou nasceram lá. Além disso, as mulheres deportadas correm o risco de represálias severas dos talibãs, que proíbem a educação e o trabalho feminino.
O diretor de Extranjería do Ministério do Interior do Irã, Nader Yarahmadi, confirmou que, desde abril, cerca de 985 mil afganos sem autorização de residência deixaram o país. As deportações, que incluem até mesmo aqueles com vistos válidos, refletem uma política de contenção da população refugiada, que já soma cerca de quatro milhões no Irã.
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