Irã impõe condições para recomeçar negociações nucleares com os EUA

O Irã manifestou sua disposição para reiniciar as negociações nucleares com os Estados Unidos, conforme declarado pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Kazem Gharibabadi, nesta quinta-feira, 24. A retomada das conversas está condicionada ao reconhecimento dos direitos do Irã sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e à garantia de que não ocorrerão novos ataques contra o país. O diplomata iraniano fez essas declarações antes de uma reunião com potências europeias em Istambul.

Gharibabadi enfatizou que as negociações podem avançar se Washington construir uma relação de confiança com Teerã. O TNP, assinado em 1968, conta com a adesão de 189 países, incluindo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que são os principais detentores de armas nucleares. Enquanto os EUA e Israel acusam o Irã de buscar armas nucleares, Teerã insiste que seu programa é voltado apenas para fins pacíficos.

Reuniões em Istambul

O Irã se reunirá com representantes da França, Alemanha e Reino Unido nesta sexta-feira, 25, em um encontro de vice-ministros das Relações Exteriores. Essa reunião ocorre após uma ligação entre os chanceleres dos três países europeus e o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi. As discussões foram intensificadas após os ataques a instalações nucleares iranianas, que, segundo Teerã, danificaram gravemente suas capacidades.

A União Europeia já advertiu que pode reimpor sanções ao Irã caso as negociações não avancem até 29 de agosto. O mecanismo de "snapback" permite que as sanções sejam reativadas, mas a ativação desse mecanismo pode complicar ainda mais as relações entre o Irã e os países europeus. Araghchi alertou que essa ação poderia marcar o fim do papel da Europa como mediadora nas questões nucleares.

Tensão e Desconfiança

A situação permanece tensa, especialmente após os ataques aéreos dos EUA e Israel, que, segundo o Irã, atrasaram seu programa nuclear em cerca de dois anos. O ministro Abbas Araghchi criticou as ações dos EUA, afirmando que elas "torpedearam a democracia" e dificultaram o diálogo. O Irã, por sua vez, suspendeu sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e está avaliando a resposta a pedidos de inspeção com base em suas preocupações de segurança.