Tailândia evacua 100 mil civis em meio a tensões com o Camboja

O governo da Tailândia evacuou mais de 100 mil pessoas das áreas fronteiriças com o Camboja devido a intensos combates que resultaram em pelo menos 14 mortes. Os confrontos, considerados os piores em mais de uma década, começaram na quinta-feira, 24, e envolvem o uso de aviões de combate, artilharia e tanques.

O Ministério do Interior tailandês informou que 100.672 civis foram levados para cerca de 300 refúgios temporários nas províncias afetadas. As hostilidades se intensificaram em vários pontos da fronteira, incluindo áreas próximas a templos antigos, que são foco de disputas territoriais históricas entre os dois países.

Contexto do Conflito

As tensões entre Tailândia e Camboja remontam a disputas territoriais que datam de mais de um século, especialmente em torno do templo de Preah Vihear. Em 1962, a Corte Internacional de Justiça reconheceu a soberania cambojana sobre a área, mas a disputa nunca foi totalmente resolvida. A situação se agravou em maio, quando um soldado cambojano foi morto em um confronto, reacendendo as hostilidades.

O primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, alertou que os combates podem levar a uma guerra em larga escala. Em resposta, o Camboja pediu um cessar-fogo imediato e a intervenção do Conselho de Segurança da ONU, que se reunirá de forma urgente para discutir a crise.

Reações Internacionais

A comunidade internacional expressou preocupação com a escalada do conflito. Estados Unidos e França pediram o fim imediato das hostilidades, enquanto a União Europeia e a China defenderam o diálogo entre as nações. O primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, que preside a ASEAN, também se ofereceu para mediar a situação.

As autoridades tailandesas relataram que os combates se espalharam por 12 locais ao longo da fronteira, com a mobilização de forças militares de ambos os lados. O Camboja, por sua vez, acusou a Tailândia de agressões e afirmou que suas ações foram em legítima defesa. A situação continua crítica, com milhares de civis deslocados e a possibilidade de um conflito prolongado.