Corte de cabelo de DiCaprio em Titanic inspira repressão cultural no Afeganistão

Em janeiro de 2001, 22 barbeiros foram detidos em Cabul, Afeganistão, por oferecerem cortes de cabelo inspirados no ator Leonardo DiCaprio, especialmente o estilo do filme Titanic. Essa ação foi parte da repressão cultural imposta pelo Talibã, que desde 1996 restringe severamente a liberdade de expressão e a aparência pública.

Os barbeiros foram acusados de promover tendências ocidentais, consideradas contrárias à interpretação rigorosa do islamismo pelo regime. O Ministério para a Prevenção do Vício e Promoção da Virtude enviou cartas de advertência aos profissionais, alegando que os cortes de cabelo interferiam na oração muçulmana, dificultando o gesto de tocar a testa no chão.

Repressão Cultural

Além das cartas, o Talibã intensificou as patrulhas para identificar e punir cortes de cabelo que se afastassem dos padrões tradicionais. O chamado "corte Titanic", que replicava o visual de DiCaprio, tornou-se um alvo prioritário, ao lado de outros estilos, como o famoso "corte dos Beatles". A proibição desses penteados refletia a tentativa do regime de eliminar influências ocidentais.

Apesar da repressão, o corte de cabelo se tornou um símbolo de resistência entre os jovens afegãos. Muitos viam essa tendência como uma forma de contestar as imposições do Talibã, que também havia banido música, cinema e outras formas de entretenimento. A circulação clandestina de cópias do filme Titanic, proibido no país, ajudou a disseminar a moda.

Tensão e Resistência

O clima de tensão era palpável entre familiares e colegas dos barbeiros, que enfrentavam o medo de punições públicas. Alguns homens passaram a modificar seus penteados para evitar represálias, enquanto outros mantinham a resistência silenciosa. O episódio ilustra a luta cultural no Afeganistão sob um regime que busca controlar não apenas a vida pública, mas também as expressões individuais.