02 de ago 2025
Sobreviventes denunciam abusos em seita cristã que prometia um céu na Terra
Documentário da BBC expõe abusos em seita religiosa, revelando 600 vítimas e o impacto duradouro sobre os sobreviventes.

Jon Ironmonger se reuniu com a diretora do novo documentário da BBC, Ellena Wood, na Capela Bugbrooke em Northamptonshire, na Inglaterra. Lá, foi fundada a Fraternidade de Jesus, em 1969 (Foto: BBC)
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Centenas de vítimas de abusos cometidos pelo Exército de Jesus, uma seita religiosa no Reino Unido, estão sendo relembradas em um novo documentário da BBC. Jon Ironmonger e a diretora Ellena Wood revelaram que cerca de 600 pessoas sofreram abusos enquanto faziam parte do grupo, que foi fechado em 2016 após investigações sobre práticas duvidosas e mortes inexplicáveis.
O Exército de Jesus, que reunia milhares de membros em Northamptonshire, apresentava uma fachada de igreja entusiástica, mas a realidade era sombria. Ironmonger, que começou sua investigação em 2016, encontrou relatos de abusos generalizados, incluindo a manipulação de denúncias pela liderança do grupo. Em uma conversa com uma sobrevivente, ele ficou chocado ao ouvir que o número de vítimas poderia chegar a 700.
Abusos e Trauma
O documentário, dividido em duas partes, destaca o trauma persistente dos sobreviventes. Wood entrevistou mais de 80 pessoas, muitas das quais ainda lidam com as consequências emocionais dos abusos. Ela observa que muitos não reconhecem o que sofreram como abuso, frequentemente se culpando. A vida nas casas comunais do culto era marcada por separação familiar e abusos físicos e sexuais.
Wood também comparou a experiência de deixar uma seita à de sair de um relacionamento abusivo, ressaltando a dificuldade de romper laços com a comunidade e o medo das consequências. Um ex-membro, Nathan, admitiu que, mesmo após os abusos, consideraria retornar ao grupo se ele reabrisse.
Revelações e Pedidos de Desculpas
Após o fechamento do Exército de Jesus, a BBC revelou que seu fundador, Noel Stanton, e seus apóstolos encobriram os abusos. Stanton, que morreu em 2009, foi descrito como um "pedófilo predatório" por um ex-ancião. A Fundação Fraternidade de Jesus, que cuida dos assuntos do grupo, expressou perplexidade diante dos abusos e pediu desculpas a todas as vítimas.
Um esquema de reparação foi implementado, oferecendo compensações médias de cerca de 12 mil libras (aproximadamente R$ 89,5 mil) a centenas de vítimas. O documentário busca não apenas expor os abusos, mas também dar voz aos sobreviventes, mostrando que a recuperação é um processo longo e doloroso.
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