Áustria cancela participação na COP30 por conta dos altos custos da viagem

O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, anunciou que não participará da COP30, programada para novembro em Belém, devido aos altos custos de hospedagem. A decisão foi confirmada pelo gabinete presidencial, que destacou a necessidade de cortes orçamentários. O ministro do Meio Ambiente, Norbert Totschnig, representará o país na conferência.

A crise de hospedagem em Belém tem gerado preocupações significativas entre os organizadores da COP30. O presidente da conferência, André Corrêa do Lago, alertou que a ausência de delegações pode comprometer a legitimidade das negociações climáticas. Ele enfatizou que a falta de participação de países em desenvolvimento, devido aos altos preços, pode afetar a validade das discussões.

Os preços de hospedagem na capital paraense estão exorbitantes, com diárias que superam os valores de hotéis de luxo em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Uma pesquisa revelou que o custo de um quarto simples em Belém pode ultrapassar R$ 700 por noite, o que representa um desafio logístico para muitas delegações. Recentemente, 27 países enviaram uma carta solicitando soluções para a crise de infraestrutura.

A situação é ainda mais crítica para a sociedade civil, que enfrenta barreiras significativas para participar do evento. A Climate Action Network Latin America (CANLA) destacou que os altos preços de hospedagem não são apenas um inconveniente, mas uma ameaça à participação efetiva de ativistas e ONGs. A organização pediu garantias de acesso e qualidade na participação.

O governo brasileiro, por sua vez, descarta a possibilidade de transferir a conferência para outra cidade. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará informou que a ONU reservou 500 apartamentos subsidiados para delegações de países em desenvolvimento. O governo do Pará também está buscando ampliar a oferta de hospedagem, com novos hotéis em construção.

A COP30, que visa abordar questões climáticas globais, enfrenta desafios críticos a menos de cem dias do evento. A pressão internacional sobre o Brasil aumenta, e a necessidade de um ambiente propício para a discussão das mudanças climáticas se torna cada vez mais urgente.