09 de fev 2025
Comunidades chilenas se mobilizam contra a construção da usina hidrelétrica Rucalhue
A usina hidrelétrica Rucalhue, no rio Biobío, recebeu autorização controversa. Comunidades Mapuche Pehuenche denunciam falta de consulta e impactos socioambientais. O projeto, avaliado em US$ 240 milhões, inundará 139 hectares de terra. Conaf classificou a usina como de "interesse nacional", gerando críticas sobre transparência. Moradores tentam barrar a construção, enfrentando violência e divisão comunitária.
Foto:Reprodução
Ouvir a notícia:
Comunidades chilenas se mobilizam contra a construção da usina hidrelétrica Rucalhue
Ouvir a notícia
Comunidades chilenas se mobilizam contra a construção da usina hidrelétrica Rucalhue - Comunidades chilenas se mobilizam contra a construção da usina hidrelétrica Rucalhue
A construção da quinta usina hidrelétrica no rio Biobío, no Chile, enfrenta forte resistência de comunidades locais e ativistas ambientais. O projeto Rucalhue, que visa criar um reservatório de mais de sete milhões de metros cúbicos, está localizado próximo a comunidades indígenas Mapuche-Pehuenche, que relatam a destruição de sua conexão com o rio após a instalação de barragens na década de 1990. Fernanda Purrán, membro da comunidade, descreve a dor e a incerteza que a construção anterior trouxe, afirmando que o rio se tornou perigoso.
A nova usina, com capacidade de 90 megawatts (MW), foi aprovada após uma avaliação de impacto ambiental favorável em 2016, mas a construção só recebeu autorização recentemente devido à presença de espécies nativas protegidas na área. Em outubro de 2023, a Corporação Nacional de Florestas (Conaf) classificou o projeto como de “interesse nacional”, o que gerou críticas sobre a falta de consulta prévia com os povos indígenas, conforme exigido por compromissos internacionais. Javier Arroyo, advogado do Observatório Latino-Americano de Conflitos Ambientais, destacou que a consulta realizada em 2016 foi manipulada.
As críticas também se estendem à falta de transparência no processo de autorização. Pamela Poo, da Fundação Ecosur, questionou a classificação do projeto como de interesse nacional, alertando que isso pode abrir precedentes perigosos para futuras intervenções ambientais. Enquanto isso, moradores tentaram barrar a construção, enfrentando ações violentas da polícia e a falta de diálogo por parte da empresa responsável, a Rucalhue Energía, que é controlada pela China International Water and Electric Corporation.
A expectativa é que a construção da usina seja concluída em três anos, mas as comunidades afetadas estão se sentindo cada vez mais desunidas e cansadas. Fernanda Purrán observa que muitos moradores desejam apenas paz, enquanto uma minoria continua a resistir. O impacto da usina vai além do ambiental, afetando a cultura e a estrutura social das comunidades locais, que já sofreram com a construção de barragens anteriores.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.