27 de fev 2025
Casos dos tumultos mortais em Delhi completam cinco anos sem resolução judicial
Em fevereiro de 2020, Delhi vivenciou distúrbios religiosos que mataram mais de 50 pessoas. Uma análise da BBC revelou que 80% dos casos resultaram em absolvições ou arquivamentos. O tribunal criticou a polícia por investigações inadequadas e manipulação de provas. Ativistas, como Gulfisha Fatima, ainda aguardam julgamento sob rígida lei antiterrorista. Ex juiz do Supremo Tribunal pede responsabilidade pela ilegalidade nas prisões.
Foto:Reprodução
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Cinco anos após os mortais distúrbios religiosos que atingiram Nova Délhi, a situação legal para os envolvidos permanece indefinida. Uma análise da BBC Hindi revelou que mais de 80% dos casos relacionados à violência resultaram em absolvições ou arquivamentos. Em fevereiro de 2020, mais de 50 pessoas, principalmente muçulmanos, foram mortas em confrontos entre hindus e muçulmanos, desencadeados por uma lei de cidadania controversa. O conflito, o mais letal da cidade em décadas, durou dias, com centenas de casas e lojas incendiadas.
A polícia, que registrou 758 casos e prendeu mais de 2.000 pessoas, alegou que a violência foi "pré-planejada" como parte de uma conspiração maior. Entre os detidos, dezoito líderes estudantis enfrentaram acusações sob uma rígida lei antiterrorista, com apenas seis deles liberados em cinco anos. A BBC examinou os 126 casos decididos pelo tribunal de Karkardooma e constatou que apenas 20 resultaram em condenações. Em muitos casos, testemunhas se tornaram hostis ou não apoiaram a acusação, levando a um alto índice de absolvições.
Os juízes criticaram a polícia por falhas nas investigações, apontando inconsistências nos depoimentos e atrasos na identificação dos acusados. Em algumas decisões, os juízes expressaram que a "falta de uma investigação adequada" atormentaria a democracia. Um caso emblemático envolveu Shadab Alam, que foi preso injustamente e teve seu caso arquivado antes do julgamento. A corte observou que as declarações de testemunhas poderiam ter sido "artificialmente preparadas" e sugeriu que a violência poderia ter sido perpetrada por uma "multidão da comunidade hindu".
Enquanto muitos casos se desmoronam, vários acusados ainda aguardam julgamento. Gulfisha Fatima, uma aspirante a PhD, permanece presa sob a Lei de Prevenção de Atividades Ilegais (UAPA), que impõe condições rigorosas para a fiança. Sua família expressa preocupação com a possibilidade de nunca mais vê-la livre. O ex-juiz da Suprema Corte, Madan Lokur, destacou a necessidade de responsabilização na acusação, sugerindo que o sistema deve refletir sobre os resultados obtidos ao longo dos anos.
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