Reações polarizadas nas redes sociais após STF tornar Bolsonaro réu por conspiração

O julgamento que resultou na aceitação unânime da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) gerou reações polarizadas nas redes sociais. Enquanto apoiadores de Bolsonaro o consideram um “mártir da liberdade”, perfis de esquerda elogiaram a decisão e convocaram manifestações contra a anistia para o ex-presidente e outros envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Um levantamento do Instituto Democracia em Xeque, realizado entre 24 e 26 de março, analisou 8.399 publicações em plataformas como X, Instagram, YouTube e TikTok, além de 2.690 mensagens em grupos do Telegram, totalizando cerca de 205,4 milhões de interações.

A análise revelou uma predominância do discurso conservador, que representou mais de 70% do conteúdo e das interações no YouTube. No Instagram, a esquerda teve um desempenho melhor, com 46% das postagens, em comparação a 39% do bolsonarismo. O discurso da direita focou na deslegitimação do julgamento, alegando perseguição política e parcialidade do STF. A condenação de Débora Rodrigues dos Santos, que pichou a estátua “A Justiça”, foi utilizada para reforçar a narrativa de abusos judiciais. Em contrapartida, a esquerda celebrou a decisão do STF e destacou a atuação dos ministros Alexandre de Moraes e Carmén Lúcia.

Um levantamento do instituto Nexus também indicou uma derrota de Bolsonaro nas redes sociais após a decisão do STF. De acordo com a pesquisa, 56% das contas que se manifestaram apoiaram a decisão, enquanto 44% a criticaram. No entanto, 64% das postagens foram neutras, refletindo a cobertura da imprensa e influenciadores. A polarização foi mais acentuada no X, onde apenas 5% das postagens foram neutras, mas mesmo assim, o apoio à decisão do STF superou as críticas.

Apesar do maior número de perfis favoráveis à decisão, os comentários críticos geraram mais engajamento. As postagens contrárias à decisão representaram mais de 50% das interações. Marcelo Tokarski, diretor-executivo da empresa que realizou o levantamento, destacou que, embora os apoiadores da condenação tenham se mobilizado mais para publicar, os críticos conseguiram gerar mais conversas digitais sobre o tema.