Marcas de luxo utilizam couro ilegal da Amazônia, revela pesquisa recente
Investigação revela que couro de áreas desmatadas no Pará abastece marcas de luxo na Itália, levantando questões sobre ética e rastreabilidade.

Cerca de 550 animais criados ilegalmente na TI Apyterewa foram retirados (Foto: Divulgação)
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Uma investigação da ONG Earthsight revela que couros bovinos provenientes de áreas desmatadas no Pará estão sendo utilizados por marcas de luxo na Itália, como Coach e Fendi. O relatório, intitulado O preço oculto do luxo, foi divulgado nesta terça-feira (24) e aponta irregularidades na cadeia de suprimentos do setor.
O estudo analisou registros de remessas de couro, dados do setor pecuário e imagens de satélite. Mais de 40% dos pecuaristas investigados forneceram gado para o frigorífico Frigol, que é um dos compradores do couro. A pesquisa destaca que muitos desses animais foram criados em terras indígenas, como a Terra Indígena Apyterewa, no Pará.
A falta de rastreabilidade no setor é uma preocupação central. A Earthsight aponta que o frigorífico não consegue rastrear a origem do gado, o que facilita a prática da "lavagem de gado", onde bois de fazendas ilegais são transferidos para propriedades regularizadas antes da venda. Entre 2020 e 2023, o Frigol comprou mais de 17 mil cabeças de gado, resultando em 425 toneladas de couro.
Marcas de Luxo e Sustentabilidade
Após o abate, parte do couro é exportada, com a Durlicouros, uma das maiores exportadoras do Pará, enviando mais de 14.700 toneladas de couro para a Itália entre 2020 e 2023. Os curtumes Conceria Cristina e Faeda, que atendem marcas como Coach e Chanel, recebem essa matéria-prima.
Os pesquisadores questionam se as marcas estão cientes da origem do couro. A certificação Leather Working Group, que atesta a sustentabilidade do couro, não exige rastreabilidade até as fazendas, o que levanta dúvidas sobre a ética na produção.
Respostas das Empresas
O Frigol afirmou que não compra gado de terras indígenas e monitora seus fornecedores. A Durlicouros também defendeu sua rastreabilidade e certificação. Por sua vez, a Tapestry, proprietária da Coach, reconheceu a complexidade do sistema de rastreamento no Brasil e se comprometeu a melhorar a transparência.
A lei antidesmatamento da União Europeia, prevista para entrar em vigor no final do ano, pode impactar a indústria do couro. Pesquisadores alertam que a falta de controle sobre fornecedores indiretos permite que gado de áreas desmatadas entre no mercado como legal. A transparência é vista como essencial para combater as ilegalidades no setor.
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