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24 de jun 2025

Marcas de luxo utilizam couro ilegal da Amazônia, revela pesquisa recente

Investigação revela que couro de áreas desmatadas no Pará abastece marcas de luxo na Itália, levantando questões sobre ética e rastreabilidade.

Cerca de 550 animais criados ilegalmente na TI Apyterewa foram retirados (Foto: Divulgação)

Cerca de 550 animais criados ilegalmente na TI Apyterewa foram retirados (Foto: Divulgação)

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Uma investigação da ONG Earthsight revela que couros bovinos provenientes de áreas desmatadas no Pará estão sendo utilizados por marcas de luxo na Itália, como Coach e Fendi. O relatório, intitulado O preço oculto do luxo, foi divulgado nesta terça-feira (24) e aponta irregularidades na cadeia de suprimentos do setor.

O estudo analisou registros de remessas de couro, dados do setor pecuário e imagens de satélite. Mais de 40% dos pecuaristas investigados forneceram gado para o frigorífico Frigol, que é um dos compradores do couro. A pesquisa destaca que muitos desses animais foram criados em terras indígenas, como a Terra Indígena Apyterewa, no Pará.

A falta de rastreabilidade no setor é uma preocupação central. A Earthsight aponta que o frigorífico não consegue rastrear a origem do gado, o que facilita a prática da "lavagem de gado", onde bois de fazendas ilegais são transferidos para propriedades regularizadas antes da venda. Entre 2020 e 2023, o Frigol comprou mais de 17 mil cabeças de gado, resultando em 425 toneladas de couro.

Marcas de Luxo e Sustentabilidade

Após o abate, parte do couro é exportada, com a Durlicouros, uma das maiores exportadoras do Pará, enviando mais de 14.700 toneladas de couro para a Itália entre 2020 e 2023. Os curtumes Conceria Cristina e Faeda, que atendem marcas como Coach e Chanel, recebem essa matéria-prima.

Os pesquisadores questionam se as marcas estão cientes da origem do couro. A certificação Leather Working Group, que atesta a sustentabilidade do couro, não exige rastreabilidade até as fazendas, o que levanta dúvidas sobre a ética na produção.

Respostas das Empresas

O Frigol afirmou que não compra gado de terras indígenas e monitora seus fornecedores. A Durlicouros também defendeu sua rastreabilidade e certificação. Por sua vez, a Tapestry, proprietária da Coach, reconheceu a complexidade do sistema de rastreamento no Brasil e se comprometeu a melhorar a transparência.

A lei antidesmatamento da União Europeia, prevista para entrar em vigor no final do ano, pode impactar a indústria do couro. Pesquisadores alertam que a falta de controle sobre fornecedores indiretos permite que gado de áreas desmatadas entre no mercado como legal. A transparência é vista como essencial para combater as ilegalidades no setor.

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