14 de jul 2025
Facções criminosas exploram crimes ambientais para lavar dinheiro na Amazônia
Narcogarimpo avança na Amazônia, intensificando violência e desmatamento, enquanto facções criminosas expandem suas operações.

Autoridades destroem área de garimpo em território yanomami, na Amazônia brasileira (Foto: Divulgação/Ibama)
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Recentemente, a Amazônia tem se tornado um ponto crítico para o narcotráfico e o crime ambiental, com o surgimento do narcogarimpo. Facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão explorando a extração ilegal de ouro, intensificando a violência e o desmatamento na região.
O fenômeno do narcogarimpo se tornou um mecanismo eficaz para a lavagem de dinheiro, utilizando desde criptomoedas até a exportação de commodities para multinacionais. Robert Muggah, cientista político e co-fundador do Instituto Igarapé, destaca que a Amazônia abriga uma das maiores concentrações de grupos organizados do mundo, especialmente nas fronteiras entre Brasil, Colômbia, Peru e Bolívia. Esses grupos se aproveitam da desigualdade e da informalidade para expandir suas operações.
Dados alarmantes indicam que mais de 90% do desmatamento na Amazônia é ilegal, e essa situação está sendo acelerada pela influência do crime organizado. Durante a pandemia, o aumento nos preços da cocaína e do ouro impulsionou a presença de facções na floresta. Um relatório da UNODC de 2023 revela que 42 grupos atuam na região, sendo 13 brasileiros. Muggah observa que a globalização paralisada durante a Covid-19 facilitou o aumento da produção de cocaína, que agora passa em grande parte pela Amazônia.
Impactos Sociais e Ambientais
O narcogarimpo não apenas gera lucros, mas também provoca tensões sociais. Na Colômbia, Nancy Patrícia Gutiérrez, ex-ministra do Interior, aponta que as guerrilhas, antes focadas no cultivo de coca, agora se dedicam a atividades como o garimpo ilegal. Essa mudança impacta a governança e a democracia, com grupos criminosos desafiando a ordem pública.
Além disso, a exploração ilegal de ouro gera contaminação hídrica e desmatamento, afetando comunidades locais e tribos indígenas. Gutiérrez alerta que a crescente demanda por ouro tem levado à degradação ambiental na fronteira entre Colômbia, Venezuela e Brasil, onde a mineração ilegal se intensifica.
Respostas e Cooperação Internacional
Diante desse cenário, o Brasil tem buscado cooperação internacional para combater o narcogarimpo. Marcello Della Nina, do Itamaraty, destaca que o crime ambiental é a terceira atividade mais lucrativa para organizações criminosas. Em 2023, durante a Cúpula de Belém, foi criada uma comissão especial sobre segurança pública no âmbito do Tratado de Cooperação Amazônico, visando melhor coordenação entre os países da região.
A resolução aprovada em Viena identificou áreas prioritárias de combate ao crime ambiental, incluindo mineração ilegal e tráfico de fauna e flora. A falta de rastreabilidade em commodities ilegais, como o ouro, facilita a entrada desses produtos em mercados legais, reforçando a necessidade de um sistema de monitoramento eficaz.
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