20 de jul 2025
Rússia incentiva gravidez entre jovens para enfrentar crise de natalidade
Rússia intensifica incentivos financeiros para aumentar taxas de natalidade e enfrenta desafios demográficos críticos desde 2016.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin (Foto: Viacheslav Prokofiev/Pool via Reuters)
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A Rússia enfrenta uma crise demográfica severa, com taxas de natalidade em queda e mortalidade superando os nascimentos desde 2016. Em resposta, o governo de Vladimir Putin implementou, em 2023, incentivos financeiros para mães, incluindo pagamentos para estudantes grávidas, na tentativa de reverter essa tendência.
Os novos incentivos incluem 670 mil rublos (cerca de R$ 47,8 mil) para novas mães, ampliando uma política iniciada em 2007. Para quem tem um segundo filho, o valor pode chegar a 900 mil rublos (R$ 64,3 mil). Em algumas regiões, como Oriol e Kemerovo, estudantes que se tornam mães podem receber 100 mil rublos (R$ 7.100). Essas medidas visam combater a queda das taxas de fertilidade, que atingiram níveis históricos baixos, com apenas 1,4 filho por mulher.
Desafios Demográficos
A especialista em Rússia, Giovana Branco, destaca que a redução da força de trabalho é um problema crescente, exacerbado pela baixa densidade populacional e falta de investimento em imigração. A necessidade de uma massa de reserva militar é um fator crucial, dado o histórico de conflitos do país. Desde 2016, as taxas de mortalidade superam as de natalidade, refletindo uma crise demográfica que se intensificou após a instabilidade política e econômica do fim da União Soviética.
O demógrafo Sergei Zakharov, da HSE University, observa que a Rússia já passou por duas grandes transições de fertilidade. A primeira ocorreu no final do século 19, quando as famílias passaram a ter menos filhos. A segunda, após a Segunda Guerra Mundial, resultou em uma queda acentuada nas taxas de natalidade. Apesar das políticas de incentivo, como a restauração da honraria de "mãe heroica" em 2022, os resultados têm sido insatisfatórios.
Políticas e Restrições
Além dos incentivos financeiros, o governo russo também impôs restrições, como a proibição da divulgação de "estilos de vida sem filhos", com multas que podem chegar a 5 milhões de rublos (R$ 357 mil). Essa abordagem reforça a ideia de que a maternidade é uma realização pessoal, enquanto a comunidade LGBTQIA+ enfrenta crescente perseguição.
Putin tem enfatizado a importância de ter pelo menos três filhos e incentivado as mulheres a priorizarem a maternidade em detrimento de suas carreiras. O discurso conservador tem se fortalecido desde 2012, refletindo uma aproximação do Kremlin com valores tradicionais. A regulação do aborto, que historicamente foi uma questão central, continua a ser um tema controverso, com o governo culpando o procedimento pela queda nas taxas de natalidade.
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