Brasil registra menor número de mortes violentas em 13 anos, mas ainda é perigoso

Em 2024, o Brasil registrou 44.127 mortes violentas intencionais, a menor taxa desde 2012, com uma redução de 5,4% em relação ao ano anterior. Apesar dessa queda, o país também contabilizou 81.873 desaparecidos, indicando um aumento nas práticas de ocultação de corpos, frequentemente associadas a facções criminosas.

Os dados foram divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública e revelam que a taxa de homicídios por cem mil habitantes é de 20,8, ainda considerada alta em comparação com padrões globais. A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, destaca que a redução nas mortes deve ser celebrada, mas alerta para o crescimento dos desaparecimentos, que aumentaram 5%. Segundo ela, isso pode indicar um fenômeno oculto, onde facções como o PCC e o Comando Vermelho estão se expandindo nacionalmente.

Desigualdade Regional

A violência no Brasil é desigual, com o Nordeste (33,8 por 100 mil) e o Norte (27,7 por 100 mil) apresentando as maiores taxas. Os estados mais afetados incluem Amapá (45,1), Bahia (40,6) e Ceará (37,5). Em contrapartida, apenas quatro estados, como Maranhão e Ceará, registraram aumento nas taxas de homicídios em 2024.

O anuário também aponta que as mortes decorrentes de intervenções policiais aumentaram de 8,1% em 2017 para 14,1% em 2024. A letalidade policial é um fator significativo, especialmente na Bahia, onde a polícia é frequentemente vista como parte do problema.

Cidades Mais Violentas

As dez cidades mais violentas do Brasil estão localizadas no Nordeste, com Maranguape (CE) liderando o ranking, com uma taxa de 79,9 por 100 mil habitantes. Jequié e Juazeiro, ambas na Bahia, seguem em segundo e terceiro lugares, respectivamente, refletindo a interiorização da violência e a atuação de facções no narcotráfico.

A redução da letalidade no Brasil é atribuída a fatores como a mudança demográfica e políticas estaduais de prevenção à violência. A trégua entre facções também contribuiu para a diminuição dos homicídios, embora a situação ainda exija atenção e medidas eficazes para combater a violência e os desaparecimentos.