25 de jul 2025
Montadoras chinesas transformam o cotidiano das cidades brasileiras
Cerca de 500 operários chineses trabalham na construção da fábrica da BYD em Camaçari, gerando preocupações sobre condições laborais e integração local.

Foto: Taba Benedicto/ Estadão
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ENVIADA ESPECIAL A CAMAÇARI (BA) - A chegada da montadora BYD em Camaçari, na Bahia, trouxe um aumento significativo no número de trabalhadores chineses na cidade. Desde o início das obras, cerca de 500 operários asiáticos estão atuando na construção da fábrica de carros elétricos, gerando preocupações sobre as condições de trabalho e a interação com a comunidade local.
Camaçari, um tradicional polo industrial, já recebe trabalhadores estrangeiros, incluindo os da Sinoma, que fabrica pás eólicas. Contudo, a presença de tantos chineses nas ruas é uma novidade em 2024. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil estima que o número total de operários nas obras da BYD chegue a mil, com a maioria sendo cidadãos asiáticos. A montadora justificou a contratação de chineses por sua experiência em construir fábricas com tecnologia avançada.
Condições de Trabalho
Apesar do aumento no fluxo de chineses, surgem relatos preocupantes sobre as condições de trabalho. Uma reportagem da Agência Pública revelou que operários terceirizados enfrentam agressões físicas, falta de equipamentos de proteção e vivem em alojamentos precários. A BYD afirmou que está monitorando a situação e exigindo melhorias das prestadoras de serviços.
Recentemente, o Ministério Público do Trabalho abriu um inquérito para investigar as condições no canteiro de obras, após acidentes que resultaram em amputações e fraturas. O coordenador do Sindticcc, Antonio Ubirajara, mencionou que denúncias sobre as condições de trabalho começaram a surgir em abril e que novas irregularidades foram identificadas.
Impacto na Comunidade
A presença dos trabalhadores chineses também está alterando o cotidiano de Camaçari. Moradores notam um aumento no movimento comercial, especialmente em restaurantes e supermercados. A proprietária de um restaurante local, Solange Borges, relatou que os chineses têm se tornado clientes frequentes, consumindo principalmente cerveja e outros produtos.
Em Iracemápolis, onde a montadora GWM está adaptando uma antiga fábrica da Mercedes-Benz, a presença de chineses é menor, mas comerciantes já se adaptam às novas demandas. Produtos como carne de porco e comida oriental estão ganhando espaço nas prateleiras.
A interação entre brasileiros e chineses, no entanto, é limitada, em parte devido à barreira do idioma. Moradores relatam que, embora alguns chineses frequentem academias e restaurantes, o contato direto é escasso. A chegada da BYD e de outras montadoras chinesas representa uma nova fase na indústria automotiva brasileira, mas também levanta questões sobre a integração e as condições de trabalho dos estrangeiros.
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