28 de jul 2025
Diálogos da PF revelam detalhes sobre CPI contra Moraes e viagem de Bolsonaro a Israel
Mensagens de Jair Bolsonaro revelam articulações para CPI contra o STF e estratégias para manter apoio do agronegócio após sua saída.

Áudios e mensagens obtidos do celular do ex-presidente Jair Bolsonaro mostram sua atuação política após derrota nas eleições. (Foto: Isac Nóbrega/Presidência)
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BRASÍLIA – Mensagens do celular do ex-presidente Jair Bolsonaro, apreendido pela Polícia Federal em maio de 2023, revelam sua estratégia política após deixar o cargo. Os diálogos mostram tentativas de manter apoio do agronegócio e articulações para uma CPI contra o STF.
Um dos diálogos destaca Bolsonaro orientando o deputado Hélio Lopes (PL-RJ) a assinar um pedido de CPI contra o ministro Alexandre de Moraes e outros integrantes do STF. Lopes, em mensagem de áudio, expressou receio de prejudicar Bolsonaro, mas o ex-presidente o incentivou a assinar, afirmando que sempre há risco de retaliações.
Além disso, o ex-embaixador de Israel, Yossi Shelley, ofereceu a Bolsonaro uma viagem ao país, com todos os custos pagos. A proposta foi feita em abril de 2023, pouco antes de Bolsonaro ser alvo de investigações por fraudes em vacinas. Shelley, que mantém laços com o ex-presidente, mencionou inovações tecnológicas israelenses em suas mensagens.
Relação com o Agronegócio
Os diálogos também evidenciam a preocupação de Bolsonaro em manter o apoio do agronegócio. Ele compartilhou informações sobre demarcação de terras indígenas e invasões do MST, criticando a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Em conversas com aliados, Bolsonaro expressou sua indignação com matérias que o associavam a problemas no setor.
Bolsonaro foi convidado a participar da Agrishow, evento de tecnologia agrícola, e recebeu apoio de empresários do setor, como Paulo Junqueira, que cedeu sua fazenda para a estadia do ex-presidente. As mensagens indicam que Junqueira também enviou dinheiro para cobrir despesas de Bolsonaro nos Estados Unidos.
Cautela com Notícias Falsas
Após se tornar alvo de investigações, Bolsonaro foi aconselhado a ser cauteloso com a divulgação de informações. Ele acionou seu assessor Tércio Arnaud Tomaz, conhecido por sua atuação no "gabinete do ódio", para verificar a veracidade de conteúdos antes de compartilhá-los. Em um diálogo, Bolsonaro questionou sobre um vídeo relacionado aos eventos de 8 de janeiro, buscando evitar polêmicas.
Essas revelações, obtidas pelo Estadão, fazem parte de um conjunto de 7.268 arquivos que incluem conversas, documentos e áudios. A defesa de Bolsonaro não se manifestou sobre o conteúdo das mensagens.
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