Austrália considera banir adolescentes de redes sociais para proteger a juventude

O governo australiano aprovou uma proibição nacional do uso de redes sociais por crianças e adolescentes, com o objetivo de proteger a saúde mental dos jovens. A decisão, que recebeu 77% de apoio popular, foi motivada por preocupações crescentes sobre os impactos das redes sociais, especialmente após a publicação do livro "A Geração Ansiosa", de Jonathan Haidt. O Parlamento australiano aprovou a medida em novembro de 2024, prevendo multas de até 49,5 milhões de dólares australianos para plataformas que não bloquearem o acesso de menores.

A proibição visa combater problemas como cyberbullying, desinformação e conteúdo ilegal. No entanto, especialistas questionam a eficácia da medida. Marilyn Campbell, professora da Universidade de Tecnologia de Queensland, destaca que não há evidências conclusivas que estabeleçam uma relação causal entre o uso de redes sociais e a deterioração da saúde mental. Ela observa que a correlação entre os dois fenômenos não implica necessariamente que um cause o outro.

As plataformas digitais na Austrália terão que implementar sistemas de verificação de idade, mas a fiscalização da proibição é considerada desafiadora. Campbell alerta que a medida pode levar os jovens a ambientes online mais perigosos, onde não há proteção. Além disso, ela sugere que o governo deveria focar em reformas no sistema de saúde mental, em vez de apenas restringir o acesso às redes sociais.

A discussão sobre o uso de redes sociais por jovens não se limita à Austrália. Em outros países, como Alemanha e Estados Unidos, há iniciativas semelhantes. 77% dos alemães apoiam uma proibição similar, enquanto estados americanos buscam formas de garantir que os pais tenham mais controle sobre o uso das redes. A Suécia e o Brasil também estão considerando restrições em ambientes escolares.

A implementação da proibição na Austrália está prevista para o final do ano, mas a preocupação com a privacidade e a precisão das tecnologias de verificação de idade permanece. A discussão sobre o impacto das redes sociais na saúde mental dos jovens continua a ser um tema complexo e multifacetado, exigindo uma abordagem mais abrangente do que simplesmente proibir o acesso.