Máfia chinesa controla o setor de 'fast fashion' na Itália

Quando o corpo de Zhang Dayong foi encontrado em Roma, com seis tiros, a conexão com Prato, centro têxtil da Itália, não era evidente. Contudo, a cidade enfrenta uma intensa guerra entre máfias chinesas, resultando em um aumento da violência e da imigração irregular. O promotor de Prato, Luca Tescaroli, alertou para a "escalada criminosa" que se estende até a Espanha e França, destacando a promoção da imigração irregular por essas organizações.

Prato, com cerca de 200.000 habitantes e uma das maiores comunidades chinesas da Europa, tem sido palco de agressões e incêndios criminosos. O ex-chefe da unidade de investigação policial, Francesco Nannucci, afirma que a máfia chinesa se infiltrou em setores como apostas clandestinas e prostituição. As 5.000 empresas de confecção da cidade, muitas delas pequenas e administradas por chineses, produzem roupas de baixo custo, frequentemente evitando impostos e multas.

Para se manter competitivas, essas empresas dependem de mão de obra barata, pagando cerca de 3 euros por hora. O sindicalista Riccardo Tamborrino descreve Prato como um "lugar sem leis nem contratos". A corrupção também é um fator crítico, com denúncias de acesso irregular a informações policiais por parte de autoridades locais, enquanto o prefeito da cidade renunciou em meio a acusações de corrupção.

A Conexão com Zhang Dayong

Zhang Dayong, considerado um dos líderes da máfia chinesa na Itália, foi assassinado em abril, e seu corpo foi encontrado junto ao de sua namorada. Investigadores acreditam que ele era a mão direita de Zhang Naizhong, o que intensifica a preocupação sobre a segurança na região. Antes de seu assassinato, três incêndios criminosos foram registrados em seus armazéns na Europa.

Os trabalhadores chineses, que frequentemente são levados para a Itália pela máfia, raramente protestam devido ao medo de represálias. Recentemente, um grupo de trabalhadores paquistaneses protestou após a repentina fechamento de sua fábrica. As mudanças na indústria têxtil, impulsionadas pela globalização e pela migração, contribuíram para o que se chama de "sistema Prato", onde a corrupção e a exploração são comuns.