Kinahan: a ascensão do cartel irlandês que dominou o mercado de drogas no Reino Unido

A Organização Criminosa Kinahan, originária da Irlanda, tem sido identificada como uma das maiores fornecedoras de drogas e armas no Reino Unido, segundo a Agência Nacional de Crime (NCA) do país. A NCA revelou que o cartel, avaliado em cerca de €1 bilhão (£835 milhões), tem atuado como um fornecedor "up-stream" para gangues britânicas nos últimos 20 anos. As autoridades irlandesas estimam que a maior parte das drogas enviadas pelo cartel para a Europa tenha como destino o Reino Unido, consolidando sua posição no mercado.

O documentário da BBC Northern Ireland, intitulado "Kinahan: A Verdadeira História da Máfia da Irlanda", traça a trajetória do cartel desde suas origens em Dublin, na década de 1980, até sua notoriedade global. A série destaca a suposta colaboração do cartel com outras grandes organizações criminosas europeias, que, juntas, controlariam um terço do mercado de cocaína na Europa. Em 2022, os Estados Unidos ofereceram uma recompensa de US$ 5 milhões (£3,9 milhões) por informações sobre os líderes do cartel, incluindo Christy Kinahan Senior e seus filhos Daniel e Christy Kinahan Junior.

A notoriedade do cartel aumentou após uma violenta disputa entre gangues na Irlanda em 2016, resultando em 18 assassinatos, dos quais 16 foram atribuídos ao cartel. O documentário inclui depoimentos de policiais britânicos e irlandeses, que discutem as operações para desmantelar a estrutura do cartel. Um dos principais alvos foi Thomas "Bomber" Kavanagh, considerado o CEO europeu da rede de tráfico de drogas, que foi condenado a 21 anos de prisão por tráfico e lavagem de dinheiro.

As investigações revelam que o cartel Kinahan tem laços com gangues em várias cidades do Reino Unido, como Liverpool, Glasgow e Manchester. O chefe da Garda Nacional de Drogas e Crime Organizado da Irlanda, Seamus Boland, afirmou que cerca de 75% das operações do cartel ocorrem no Reino Unido. Com mais de 80 membros do cartel já presos, as autoridades acreditam que a organização agora opera principalmente fora do Reino Unido, atuando como atacadista no mercado internacional de drogas, incluindo conexões com grupos como o Hezbollah no Oriente Médio.