Aquecimento global provoca queda de 38% nas populações de aves tropicais desde 1950

Um estudo inédito publicado na revista Nature Ecology and Evolution revelou que as populações de aves tropicais sofreram uma redução de 25% a 38% entre 1950 e 2020, devido a ondas de calor extremo exacerbadas pelas mudanças climáticas. A pesquisa, liderada por cientistas da Europa e da Austrália, utiliza técnicas de “atribuição climática” para identificar a influência das alterações climáticas na fauna.

Os pesquisadores destacam que, em média, as aves tropicais enfrentam 30 dias de calor extremo por ano, um aumento significativo em comparação aos 3 dias registrados entre 1940 e 1970. Maximilian Kotz, do Centro Nacional de Supercomputação de Barcelona, enfatiza que, embora a proteção de habitats intactos seja essencial, é igualmente importante enfrentar as mudanças climáticas para preservar a biodiversidade.

Impactos Diretos do Calor

Os dados analisados vêm do Living Planet Index, da ONG WWF, que compila informações sobre populações de animais. Os cientistas descobriram que o aquecimento global, resultante da ação humana, foi responsável por uma queda significativa nas aves tropicais, especialmente em regiões de baixa latitude, onde as espécies já estão próximas do limite de tolerância térmica.

Além disso, a pesquisa indica que os episódios de calor extremo superam outros fatores, como desmatamento e uso de pesticidas, na ameaça às aves. Os autores alertam que os impactos climáticos sobre as aves nos trópicos podem ser comparáveis aos causados pela degradação de habitat.

Necessidade de Estratégias de Conservação

Os cientistas ressaltam a urgência de desenvolver estratégias de conservação que incluam medidas contra eventos extremos de calor. Em algumas regiões, será necessário criar planos para proteger espécies vulneráveis após ondas de calor e incêndios florestais. Projetos na Austrália já estão em andamento para salvar animais ameaçados após eventos climáticos extremos.

Os resultados do estudo evidenciam a importância de considerar extremos climáticos nas projeções de risco para a biodiversidade, além das médias anuais de temperatura. A pesquisa destaca a complexidade das ameaças enfrentadas pelas aves tropicais e a necessidade de uma abordagem integrada para a conservação.