- Um estudo recente publicado na revista Science identificou duas variantes genéticas, ZFPM1 e GSDMC, que foram fundamentais na domesticação do cavalo.
- Pesquisadores do Centro de Antropobiologia e Genômica de Toulouse analisaram dados genômicos de setenta e um cavalos de diferentes épocas e regiões.
- O gene ZFPM1, que regula a ansiedade, foi selecionado há cerca de cinco mil anos, favorecendo animais menos agressivos.
- O gene GSDMC, que influencia a estrutura corporal, surgiu entre quatro mil e setecentos e quatro mil e duzentos anos atrás, permitindo melhor locomoção e sustentação de peso.
- A combinação de mansidão e resistência corporal aumentou a reprodução dos cavalos, com animais portadores dessa mutação tendo cerca de vinte por cento mais descendentes.
A domesticação do cavalo, um dos marcos mais significativos da história humana, revolucionou a mobilidade, a guerra e a agricultura, permitindo a expansão de sociedades. Um novo estudo publicado na revista Science revela que duas variantes genéticas, ZFPM1 e GSDMC, foram fundamentais nesse processo.
Pesquisadores liderados por Xuexue Liu e Ludovic Orlando, do Centro de Antropobiologia e Genômica de Toulouse, analisaram dados genômicos de 71 cavalos de diferentes épocas e regiões. A pesquisa identificou 266 regiões do genoma, das quais nove mostraram sinais claros de seleção artificial. As variantes ZFPM1 e GSDMC se destacaram por suas implicações na domesticação.
O gene ZFPM1, relacionado à regulação da ansiedade, passou por forte seleção há cerca de 5.000 anos, favorecendo animais menos agressivos. Já o gene GSDMC, que influencia a estrutura corporal, surgiu entre 4.700 e 4.200 anos atrás e foi rapidamente disseminado entre os cavalos domesticados. Essa mutação permitiu que os animais tivessem uma conformação mais adequada para locomoção e sustentação de peso.
A combinação de mansidão e resistência corporal transformou a vida humana, possibilitando novas formas de transporte e alterando a dinâmica das guerras. Segundo Orlando, a seleção do gene GSDMC foi crucial para o sucesso da linhagem DOM2, aumentando a mobilidade baseada em cavalos. O estudo sugere que animais com essa mutação tiveram cerca de 20% mais descendentes, indicando uma preferência por essa característica na reprodução.
Os pesquisadores reconhecem que outros fatores, como inovações culturais e genes não analisados, podem ter influenciado a domesticação. Contudo, os resultados destacam a importância das mudanças genéticas na formação da relação entre humanos e cavalos ao longo da história.