- Pesquisadores brasileiros identificaram noventa variantes da proteína HER2 em tumores de mama.
- O estudo, publicado na revista Genome Research, sugere que algumas dessas formas podem escapar dos tratamentos atuais.
- A proteína HER2, em excesso, acelera a multiplicação de células cancerígenas.
- O estudo analisou amostras de mais de quinhentos pacientes e modelos celulares resistentes, revelando que versões da proteína sem o ponto de ligação do medicamento são mais comuns em células resistentes.
- Os pesquisadores esperam que os achados contribuam para o desenvolvimento de terapias mais precisas e eficazes.
Pesquisadores brasileiros descobriram 90 variantes da proteína HER2 em tumores de mama, revelando uma complexidade que pode explicar a resistência a tratamentos. A pesquisa, publicada na revista *Genome Research*, sugere que algumas dessas formas podem escapar das terapias atuais, que visam bloquear a ação da proteína.
A proteína HER2, quando presente em excesso, acelera a multiplicação de células cancerígenas. As terapias existentes são desenvolvidas com base na estrutura padrão da proteína, funcionando como uma chave que se encaixa em uma fechadura. Quando essa estrutura varia, o tratamento pode falhar, permitindo que as células tumorais se adaptem e resistam.
O estudo, liderado pelo médico Pedro Galante, analisou amostras de mais de 500 pacientes e modelos celulares resistentes. Os pesquisadores identificaram que as versões da proteína sem o ponto de ligação do medicamento são mais comuns em células resistentes, indicando um novo mecanismo adaptativo do tumor. “Entender esses mecanismos é crucial para o avanço da oncologia”, afirma Carlos dos Anjos, coautor da pesquisa.
Implicações para o Tratamento
A variabilidade das isoformas da HER2 pode impactar a eficácia das terapias anti-HER2, especialmente os anticorpos conjugados a drogas. Gabriela Guardia, coautora do estudo, destaca que essa diversidade ainda pouco explorada pode ser um fator determinante na resposta dos pacientes aos tratamentos.
Os pesquisadores esperam que esses achados possam ser validados em estudos futuros, contribuindo para o desenvolvimento de medicamentos mais precisos. A identificação das diferentes isoformas pode direcionar a criação de terapias que ataquem especificamente essas variantes ou que combinem tratamentos para bloquear múltiplas formas da proteína.
A pesquisa também teve um aspecto artístico, com a colaboração da paciente Alice Barreto, que ilustrou o trabalho com uma imagem simbólica de uma chave e uma fechadura, representando a busca por soluções no tratamento do câncer de mama. Essa conexão entre ciência e arte adiciona uma nova dimensão à pesquisa, unindo a experiência clínica à expressão criativa.