- A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em 11 de agosto, o registro do vorasidenibe, um medicamento para astrocitoma e oligodendroglioma.
- O fármaco aumentou a sobrevida sem progressão da doença em mais de dois anos, segundo o estudo Investigating Vorasidenib in Glioma (Indigo).
- Pacientes tratados com vorasidenibe tiveram uma média de 27,7 meses de sobrevida livre de progressão, em comparação com 11,1 meses no grupo placebo.
- O vorasidenibe é um comprimido de uso diário, disponível nas dosagens de 10mg e 40mg, e apresenta poucos efeitos colaterais.
- O medicamento ainda precisa de aprovação na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e avaliação pela Agência Nacional de Saúde (ANS) antes da comercialização.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em 11 de agosto, o registro do vorasidenibe, um medicamento inovador para o tratamento de astrocitoma e oligodendroglioma, tipos raros de câncer do sistema nervoso central. O fármaco se destaca por ser uma terapia-alvo, demonstrando em ensaios clínicos um aumento significativo na sobrevida sem progressão da doença, que ultrapassa dois anos.
O estudo, denominado Investigating Vorasidenib in Glioma (Indigo), revelou que pacientes tratados com vorasidenibe apresentaram uma média de 27,7 meses de sobrevida livre de progressão, em comparação com 11,1 meses no grupo placebo. Essa diferença representa uma redução de quase 61% no risco de progressão ou morte. O oncologista Donato Callegaro Filho, do Einstein Hospital Israelita, destacou que a pesquisa foi fundamental para a regulamentação do medicamento pela Anvisa.
Eficácia e Administração
Além da eficácia, o vorasidenibe é um comprimido de uso diário, disponível nas dosagens de 10mg e 40mg, e apresenta poucos efeitos colaterais. Isso facilita a adesão ao tratamento, permitindo que os pacientes mantenham a qualidade de vida. A oncologista Ligia Traldi Macedo, da Unicamp, ressaltou a importância do medicamento para pacientes mais jovens, pois adia a necessidade de intervenções mais agressivas, como quimioterapia e radioterapia.
O vorasidenibe atua especificamente em mutações nas enzimas isocitrato desidrogenases 1 e 2 (IDH-1 e IDH-2), que são comuns nesses tumores. Ao bloquear essas enzimas, o medicamento reduz a produção de 2-hidroxiglutarato (2-HG), uma substância que contribui para o crescimento do câncer.
Próximos Passos
Embora o registro tenha sido concedido, o vorasidenibe ainda precisa passar por etapas adicionais antes de sua comercialização. Isso inclui a aprovação na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) para definição de preços e avaliação pela Agência Nacional de Saúde (ANS) para inclusão em convênios. Para o Sistema Único de Saúde (SUS), a análise envolve a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).
Os astrocitomas e oligodendrogliomas são considerados tumores difusos, dificultando a remoção cirúrgica completa. A introdução do vorasidenibe representa uma nova perspectiva terapêutica, oferecendo uma alternativa menos invasiva e mais segura para o tratamento desses tipos de câncer.