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IA auxilia no combate à violência doméstica com novas tecnologias e estratégias

Projeto analisa prontuários médicos para identificar vítimas de violência, aumentando a capacidade de intervenção em Recife e Rio de Janeiro.

Por Revisado por Time de Jornalismo Portal Tela
Foto: Reprodução
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  • Um projeto da Vital Strategies utiliza inteligência artificial para analisar prontuários médicos e identificar vítimas de violência doméstica em Recife e Rio de Janeiro.
  • A metodologia combina análise linguística e inteligência artificial para detectar sinais de violência que podem ser ignorados durante o atendimento médico.
  • Dados mostram que o intervalo entre a queixa de violência e a morte de uma mulher pode ser de apenas 30 dias.
  • Especialistas alertam para os riscos do uso inadequado da tecnologia, que pode intensificar a violência contra crianças e adolescentes.
  • O debate sobre o uso ético da inteligência artificial no combate à violência contra mulheres e meninas continua em eventos como o Festival Nexo + Nexo Políticas Públicas.

A inteligência artificial (IA) está se tornando uma ferramenta crucial no combate à violência doméstica contra mulheres no Brasil. Um projeto da Vital Strategies, em parceria com as redes públicas de saúde de Recife e Rio de Janeiro, utiliza essa tecnologia para analisar prontuários médicos e identificar vítimas de agressão. A iniciativa foi discutida no Festival Nexo + Nexo Políticas Públicas, realizado em 17 de setembro.

A metodologia combina análise linguística e IA para detectar sinais de violência que podem passar despercebidos durante o atendimento médico. Segundo Sophia Reinach, diretora adjunta da Vital Strategies, essa abordagem pode dobrar a capacidade de intervenção em casos de violência. O projeto, atualmente em fase de testes, processa dados de notificações de mulheres vítimas de violência e identifica o chamado “dia zero”, quando a agressão foi registrada.

Dados alarmantes indicam que o intervalo entre a queixa de violência e a morte de uma mulher pode ser de apenas 30 dias. A IA permite uma análise retroativa, revelando que, em média, 90 dias antes do óbito, há um aumento na busca por atendimento médico e relatos de problemas como alcoolismo e estresse. Reinach enfatiza que as violências têm um ciclo de agravamento e que a saúde é um ponto crítico de entrada para a proteção das vítimas.

Desafios e Riscos

Entretanto, o uso da IA também levanta preocupações. Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, alerta para os riscos do mau uso da tecnologia, que pode agravar a violência contra crianças e adolescentes. Ela destaca a produção de conteúdo pornográfico a partir de imagens de menores, um crime que se intensifica com o uso de IA.

Carla Rodrigues, da Data Privacy Brasil, ressalta que a IA pode aprofundar desigualdades sociais, especialmente entre meninas e mulheres. Estudos mostram que 44% dos sistemas de IA analisados apresentam preconceito de gênero. Rodrigues defende a necessidade de um olhar interseccional no desenvolvimento dessas tecnologias.

Iniciativas Locais

Nina da Hora, fundadora do Instituto da Hora, aponta que iniciativas brasileiras de IA buscam abordar os impactos sociais, sem competir com grandes plataformas. O Judiciário já utiliza a tecnologia para identificar falhas em processos de feminicídio, visando melhorar a resposta a esses casos.

O debate sobre o uso da IA no enfrentamento da violência contra mulheres e meninas continua, com especialistas enfatizando a importância de um modelo ético e responsável que respeite a privacidade e os direitos das vítimas. O festival, que ocorre até 19 de setembro, é uma plataforma para discutir esses temas críticos na agenda pública do Brasil.

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