Hepatite A registra aumento de casos no Brasil após uma década de controle
Brasil registra aumento de 54,5% nos casos de hepatite A, com surtos urbanos revelando desigualdades em saneamento e vacinação

Teste para exame de hepatite. Número de casos cresceu no Brasil no último ano (Foto: André Luiz D. Takahashi/Wikimedia Commons)
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O Brasil enfrenta um aumento alarmante nos casos de hepatite A, com um crescimento de 54,5% de 2023 para 2024, conforme o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais do Ministério da Saúde. A taxa de incidência subiu de 1,1 para 1,7 casos a cada 100 mil habitantes. Historicamente, a doença era mais comum nas regiões Norte e Nordeste, mas agora surtos estão sendo registrados em grandes cidades do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
As capitais dessas regiões, como Curitiba, apresentam números preocupantes, com 31,3 casos a cada 100 mil habitantes, quase 20 vezes acima da média nacional. Esse novo padrão sugere que o surto é urbano, relacionado a desigualdades no acesso a saneamento básico e vacinação. A hepatite A, causada pelo vírus VHA, é transmitida principalmente por via fecal-oral, associada a condições de higiene inadequadas e consumo de água contaminada.
Aumento da Incidência em Adultos
Dados revelam que a doença tem afetado mais os adultos. Entre jovens de 20 a 29 anos, a incidência subiu de 2 para 4 casos por 100 mil habitantes em dez anos. Na faixa de 30 a 39 anos, o aumento foi de 1 para quase 4 casos. Em contrapartida, a incidência entre crianças menores de 5 anos caiu 99,9%, resultado da vacinação iniciada em 2014 pelo SUS.
O infectologista David Salomão Lewi alerta que muitos indivíduos podem estar contaminados sem saber, transmitindo a infecção. Os sintomas incluem fadiga, febre, dor abdominal e icterícia. Casos graves podem evoluir para insuficiência hepática aguda, especialmente em adultos.
Medidas de Prevenção e Tratamento
Não há antivirais específicos para hepatite A; o tratamento é sintomático e de suporte. O repouso e uma dieta balanceada são recomendados. A vacinação continua sendo a principal forma de prevenção. A vacina, disponível gratuitamente nos postos de saúde do SUS, é eficaz e não requer reforços ao longo da vida.
A vacinação é oferecida a crianças de 12 meses a 5 anos e em esquema de duas doses para grupos de risco, como pessoas com hepatopatias crônicas. A situação atual destaca a necessidade de melhorias no saneamento e acesso à saúde para conter a propagação da hepatite A no Brasil.
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