Governo lança crédito consignado privado com uso do FGTS como garantia para trabalhadores

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a nova taxa de juros para o empréstimo consignado destinado a trabalhadores celetistas será inferior a 3% ao mês, uma redução significativa em relação aos atuais 5% a 6%. Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda, Haddad expressou otimismo, afirmando que a concorrência entre os bancos pode levar a uma queda ainda maior nas taxas. O novo modelo de consignado privado, que entrou em vigor em 21 de março de 2024, visa aumentar a popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e facilitar o acesso ao crédito.

Com a nova linha de crédito, trabalhadores com carteira assinada poderão usar até 10% do saldo do FGTS como garantia, além de 100% da multa rescisória em caso de demissão sem justa causa. O secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Francisco Macena, destacou que os bancos poderão executar essas garantias em caso de demissão. O sistema foi projetado para desburocratizar o processo de solicitação, que pode ser feito pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital. Até o momento, foram simulados mais de 15 milhões de pedidos de empréstimos.

A nova modalidade de crédito também levanta preocupações sobre o aumento da inadimplência, especialmente entre trabalhadores com menor renda. Economistas alertam que, embora a medida possa reduzir o custo das dívidas, ela pode incentivar um consumo excessivo, dificultando o controle da inflação. O nível de endividamento das famílias brasileiras já havia aumentado, atingindo 48,32% da renda em dezembro de 2023. A nova linha de crédito, que promete taxas mais baixas, pode não ser suficiente para mitigar esses riscos.

A expectativa é que a concorrência entre bancos e fintechs se intensifique, com instituições como C6 e Nubank já confirmando a oferta do novo produto. A Associação Brasileira das Fintechs projeta que essas instituições possam ocupar entre 15% e 20% do mercado de crédito consignado, potencialmente injetando até R$ 24 bilhões na economia. A nova plataforma digital, que integra o eSocial e a Carteira de Trabalho Digital, permitirá que trabalhadores comparem ofertas e escolham a opção mais vantajosa, com a expectativa de que as taxas de juros se aproximem das cobradas no setor público.