Greve dos auditores fiscais da Receita Federal pode encarecer ovos de Páscoa e causar desabastecimento

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que começou em 26 de novembro de 2024, já dura mais de 100 dias e pode impactar a Páscoa deste ano. A paralisação tem gerado atrasos na liberação de mercadorias importadas, essenciais para a produção de ovos de chocolate, resultando em possíveis desabastecimentos e aumento de preços. Gustavo Valente, especialista em comércio exterior, destaca que ingredientes como cacau e manteiga de cacau, que vêm de países africanos, dependem das liberações aduaneiras para chegar às fábricas.

As empresas de chocolate enfrentam custos adicionais devido ao atraso, incluindo taxas de armazenagem e demurrage, que são multas por atraso na devolução de contêineres. Valente afirma que esses custos serão repassados ao consumidor, o que pode tornar os ovos de Páscoa mais caros. Além disso, as embalagens, frequentemente importadas da China, também estão retidas, o que pode comprometer a oferta durante a alta demanda sazonal.

A greve não afeta apenas a indústria de chocolates, mas também a de brinquedos, que fornece brindes para os ovos de Páscoa, já que a maioria dos itens é importada da Ásia. A situação é crítica para os importadores, que, sem a liberação de produtos, recorrem a medidas judiciais para evitar prejuízos, aumentando ainda mais os custos operacionais em um ambiente econômico desafiador.

As reivindicações dos auditores incluem um reajuste salarial, que está congelado desde 2016, exceto por um aumento de 9% em 2023. O Sindifisco Nacional informa que mais de 75 mil remessas estão retidas e cerca de 500 auditores deixaram suas funções. O governo, por sua vez, teme que aumentos salariais para essa categoria gerem um efeito cascata, levando outras categorias do funcionalismo a pleitearem reajustes, complicando ainda mais a situação fiscal do país.