Bolsa brasileira avança quase 10% com valorização de grandes empresas e expectativas otimistas

O mercado de ações brasileiro iniciou 2024 com um desempenho robusto, com o índice Bovespa apresentando uma alta próxima a 10%. As principais empresas que impulsionaram esse crescimento incluem a Ambev e os bancos Itaú e Santander Brasil, com aumentos em torno de 15%. A Embraer e a TIM se destacaram ainda mais, com valorização de 22% e 24%, respectivamente. Segundo Xavier Hovasse, da Carmignac, o mercado brasileiro é considerado barato, com um índice PER de aproximadamente 7,7 vezes, bem abaixo da média da última década.

A baixa avaliação das ações é atribuída à escassez de investimentos estrangeiros, que se voltaram para o mercado dos Estados Unidos no ano anterior, além do aumento das taxas de juros, que impactaram as avaliações das empresas. O governo brasileiro introduziu incentivos fiscais para a renda fixa, tornando a renda variável menos atrativa para investidores locais. O Banco Central elevou a taxa Selic para 14,25%, com expectativas de novos aumentos, o que pode prejudicar a captação de recursos pelas empresas.

Por outro lado, especialistas do JPMorgan acreditam que a estabilização das taxas de juros pode ser um catalisador para o mercado de ações. Eles preveem que as taxas podem atingir um pico de 15,25% em junho, mas com possibilidade de uma pausa nas elevações. A recuperação da economia global, especialmente com o crescimento da China, pode beneficiar o Brasil, que se destaca como um mercado emergente atraente. Além disso, as eleições de julho de 2026 trazem um elemento de expectativa, apesar dos riscos associados.

A valorização do real também é um ponto positivo, com o câmbio se fortalecendo em relação ao dólar e ao euro. O real se revalorizou 6,6% frente ao dólar, cotado a 5,76 reais por dólar. Mali Chivakul, da J. Safra Sarasin, ressalta que um dólar mais fraco tem apoiado o real e o mercado de ações, mas os altos juros ainda mantêm os investidores locais focados na renda fixa. As empresas do Ibex 35, como Santander e Telefónica, que têm forte presença no Brasil, também se beneficiam desse cenário otimista.