Impulso fiscal pode dificultar redução da Selic, afirma economista do Santander
Ana Paula Vescovi alerta para a necessidade de ajustes fiscais e projeta cortes na Selic apenas em 2026, em meio a pressões econômicas e externas

Daqui para frente, vamos ver cada vez mais o canal fiscal voltando a impactar o ambiente econômico, disse a economista-chefe do Santander (Foto: Santander/Divulgação)
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A economia brasileira enfrenta um cenário desafiador, com a taxa de juros em 15% ao ano, o maior nível em duas décadas. Ana Paula Vescovi, diretora de macroeconomia do Santander Brasil, aponta que a alta taxa começa a impactar a atividade econômica, reduzindo a inflação e desacelerando o crescimento. Contudo, a pressão fiscal deve aumentar no segundo semestre, especialmente com as eleições se aproximando, o que pode complicar a política monetária do Banco Central.
Vescovi projeta que o Banco Central pode iniciar cortes na Selic no primeiro trimestre de 2026, mas com uma redução total de apenas dois pontos percentuais até junho, levando a taxa para cerca de 13% ao ano. Ela destaca que a necessidade de um "freio de arrumação" fiscal é crucial para estabilizar a dívida pública e garantir um ambiente econômico sustentável. A economista enfatiza que o resultado das eleições será determinante para as políticas fiscal e monetária.
Desafios Fiscais e Econômicos
As despesas com precatórios e programas do governo federal, além das pressões fiscais de governos estaduais, devem intensificar uma ação expansionista. Vescovi alerta que, sem medidas concretas para desacelerar os gastos obrigatórios, a sustentabilidade da dívida pública ficará comprometida. Ela defende que o Congresso deve agir rapidamente para sinalizar compromisso com a estabilidade fiscal.
A atividade econômica já apresenta sinais de desaceleração, com a indústria e o varejo mostrando crescimento próximo de zero. O setor de serviços, que sustentava a atividade, também começa a se estabilizar. Apesar disso, a inflação tem mostrado sinais de moderação, especialmente nos bens comercializáveis, influenciada pela queda nos preços das commodities e pela desvalorização do dólar.
Impactos Externos
Outro fator de incerteza são as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Embora algumas isenções tenham sido concedidas, o impacto direto na balança comercial pode ser de cerca de US$ 6,2 bilhões em um ano, afetando principalmente setores como pescados e carnes. Vescovi observa que, apesar da estabilidade do câmbio desde julho, a confiança do mercado pode ser impactada pela decisão americana.
A economista conclui que a evolução das negociações comerciais deve ser monitorada de perto, dado o caráter dinâmico do cenário internacional. A combinação de fatores internos e externos exige atenção redobrada para garantir a recuperação econômica e a estabilidade fiscal no Brasil.
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