Banco do Brasil prioriza clientes pessoa física após queda na rentabilidade do agro
Banco do Brasil muda foco para pessoa física após queda de 60% no lucro, enquanto inadimplência no agronegócio atinge 3,49%

A meta do BB, liderado pela CEO Tarciana Medeiros, é crescer em clientes de maior poder aquisitivo na própria base em pelo menos 25% nos próximos cinco anos. (Foto: Arthur Menescal/Bloomberg)
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O Banco do Brasil, tradicionalmente conhecido como "banco do agro", anunciou uma mudança significativa em sua estratégia de crédito, focando no segmento de pessoa física. Essa decisão surge após uma queda de 60% no lucro no segundo trimestre de 2025, atribuída à inadimplência no agronegócio. O banco estatal agora projeta um crescimento de 7% a 10% na carteira de pessoa física, enquanto as expectativas para o agronegócio foram reduzidas de 5% a 9% para 3% a 6%.
Felipe Prince, vice-presidente de controles internos e gestão de risco, destacou que a nova estratégia visa crescer em linhas com melhor retorno ajustado ao risco. A CEO, Tarciana Medeiros, reforçou que o foco em clientes de alta renda é uma prioridade, com a meta de aumentar essa base em 25% nos próximos cinco anos. Além disso, o banco pretende expandir o crédito consignado privado, especialmente após a aprovação da Lei 15.179, que facilita o acesso a empréstimos.
Desafios e Projeções
O Banco do Brasil enfrenta um cenário desafiador, com a inadimplência na carteira do agronegócio subindo para 3,49%, um aumento de 2,17 pontos percentuais em relação ao ano anterior. O banco registrou 20.000 clientes do setor agro com contas em atraso, sendo que 808 deles solicitaram recuperação judicial. Para lidar com essa situação, a administração adotou uma postura mais agressiva na recuperação de créditos, judicializando operações que antes não eram contestadas.
As novas projeções de lucro líquido para 2025 foram ajustadas para um intervalo entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões, mais de R$ 10 bilhões abaixo das expectativas anteriores. A rentabilidade do banco, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), caiu para 8,4%, a menor desde 2016. A expectativa é que o ROE se mantenha abaixo de 10% este ano, com uma recuperação gradual prevista para 2026.
Continuidade no Agronegócio
Apesar da mudança de foco, o Banco do Brasil continua sendo o maior financiador do agronegócio no Brasil, com esse setor representando um terço de sua carteira de crédito. A inadimplência, que antes era considerada baixa, agora apresenta desafios significativos devido a safras fracas e um aumento nos pedidos de recuperação judicial. A administração do banco acredita que a margem de lucro no crédito para pessoa física será suficiente para compensar os riscos associados ao agronegócio, mantendo assim sua posição de destaque no mercado.
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