Crédito consignado registra aumento histórico de reclamações em 2025

Em meio a um aumento alarmante nas reclamações sobre crédito consignado, os dados do portal consumidor.gov revelam um crescimento de 91,2% nas queixas entre janeiro e maio de 2025, totalizando 50.563 registros. Este aumento é atribuído a investigações sobre descontos não autorizados em benefícios do INSS e ao lançamento do consignado CLT.

As queixas de aposentados do INSS somaram 27.950 nos primeiros cinco meses do ano, um crescimento de 73,3% em relação ao mesmo período de 2024. Somente em maio, foram 7.300 reclamações, representando um aumento de 266% em comparação ao ano anterior. Especialistas acreditam que a divulgação das investigações levou muitos aposentados a revisarem seus extratos, resultando na identificação de cobranças indevidas.

Cobranças Irregulares

Os problemas mais comuns relatados incluem cobrança por serviços não contratados (25,66%), não entrega de documentos (16,07%) e cobrança indevida para alteração ou cancelamento de contrato (10,15%). Ione Amorim, economista do Idec, destaca que muitos idosos confundem o crédito consignado com antecipações de benefícios, o que os torna vulneráveis a cobranças indevidas.

No setor privado, as reclamações sobre o consignado CLT também dispararam, com 22.613 queixas registradas, um aumento de 119,2% em relação ao ano anterior. As principais queixas incluem a não entrega de contratos (15,41%) e dificuldades para obter boletos (8,11%). A falta de transparência nas ofertas do consignado CLT tem gerado confusão entre os consumidores.

Impacto Financeiro

A especialista do Idec alerta que o crédito consignado compromete a renda mensal dos consumidores, aumentando o risco de endividamento. O comprometimento pode chegar a 45% da renda, considerando também o cartão de crédito consignado. Rafael Schiozer, professor da FGV, ressalta que a oferta agressiva de crédito pode levar a um ciclo de endividamento prolongado.

Embora a Febraban reconheça o aumento nas queixas, o diretor Amaury Oliva afirma que representam menos de 0,05% do total de operações de consignado no primeiro trimestre de 2025. A entidade destaca que as reclamações são importantes para aprimorar a autorregulação do setor bancário.