12 de mar 2025
Jantar fora se torna um luxo na Argentina com a alta do peso e restaurantes vazios
O custo de refeições em restaurantes argentinos dobrou, impactando o turismo. Mais de 10 mil empregos foram perdidos no setor de bares e hotelaria. Argentinos estão gastando mais no exterior, refletindo mudanças nos hábitos. O peso argentino se valorizou 40% frente ao dólar, mas está supervalorizado. A eliminação de subsídios elevou contas de serviços em até 500%, afetando preços.
Os clientes sentam-se em um restaurante no bairro de Palermo, em Buenos Aires, Argentina, na terça-feira, 13 de fevereiro de 2024. (Foto: Erica Canepa/Bloomberg)
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As políticas econômicas de "terapia de choque" implementadas pelo presidente Javier Milei estão resultando em um fortalecimento significativo do peso argentino, que, por sua vez, elevou o custo de um jantar fora em Buenos Aires, dobrando em relação ao ano anterior. Restaurantes que antes atraíam clientes com preços acessíveis agora enfrentam um novo cenário, tornando a capital argentina menos atrativa para turistas e moradores. Essa mudança impacta diretamente o cotidiano dos argentinos, que, conhecidos por frequentar churrascarias e bistrôs, estão reduzindo suas saídas devido ao peso supervalorizado, que fez o Big Mac argentino se tornar o segundo mais caro do mundo, a US$ 7.
O peso argentino, que se valorizou mais de 40% frente ao dólar em 2024, é resultado da eliminação de controles de preços e do endurecimento das restrições cambiais. Economistas alertam que a moeda está supervalorizada, enquanto os cortes de subsídios para serviços públicos forçaram os restaurantes a repassar aumentos de até 500% nas contas de luz, gás e água. Gaston Riveira, proprietário da rede de churrascarias La Cabrera, afirma que os preços dobraram em relação ao ano passado, e o turismo estrangeiro, que representa a maior parte da clientela, caiu 20%.
O impacto no setor de restaurantes é evidente, com uma perda de mais de 10 mil empregos desde a posse de Milei. Gonzalo de la Vega, dono da cervejaria artesanal Club Bonpland, viu seus custos triplicarem e decidiu fechar o negócio após o aumento do aluguel. As vendas caíram 30% em janeiro e 12% em fevereiro em comparação ao ano anterior, refletindo uma mudança nos hábitos de consumo dos argentinos, que estão cortando gastos supérfluos. Em janeiro, os argentinos gastaram US$ 645 milhões em compras no exterior, o maior volume desde 2018, com cerca de 2 milhões de argentinos viajando para fora do país.
Os restaurantes, que antes ofereciam refeições a preços irrisórios, agora ajustam seus cardápios aos padrões globais. Victor Blanco, sócio das redes Buenos Aires Grill e Puente, destaca que a situação anterior era insustentável e que a carne ainda é relativamente barata em comparação ao resto do mundo. A era das pechinchas parece ter chegado ao fim, com os preços se alinhando à realidade econômica atual.
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