Argentina enfrenta queda no turismo; Brasil registra recorde de visitantes em 2024

Os turistas da Argentina estão viajando menos para o país vizinho, em grande parte devido às novas políticas cambiais do presidente Javier Milei, que tornaram a Argentina um destino turístico mais caro. Dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) mostram que o número de visitantes do Uruguai e do Chile caiu pelo menos 30% em dezembro de 2024 em comparação ao ano anterior. Os uruguaios, que gastaram cerca de US$ 780 milhões na Argentina em 2023, viram esse valor diminuir em US$ 469 milhões devido à queda no número de visitantes, que caiu para 2,1 milhões.

O setor de turismo argentino enfrentou um déficit de US$ 2,1 bilhões em 2024, refletindo a diferença entre o que os argentinos gastaram no exterior e o que os estrangeiros gastaram na Argentina. As políticas de Milei, que ajustaram as taxas de câmbio, eliminaram a atratividade que o país tinha para turistas, especialmente em relação ao Uruguai, onde as vendas de passagens aéreas para a Argentina caíram 25% no quarto trimestre de 2024. O diretor da 5M Travel Group, Andres Gil, destacou que o Brasil se tornou uma alternativa mais barata para os turistas.

Enquanto isso, os argentinos estão viajando em maior número para o Uruguai, com quase 109 mil visitantes em dezembro de 2024, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Empresários uruguaios, como Guillermo Luzardo, notaram uma mudança significativa nas vendas, que aumentaram cerca de 20% no ano passado, após um período de queda. Luzardo, que também preside a Câmara de Indústria e Comércio de Salto, afirmou que o mês passado foi o melhor dezembro em cinco anos, refletindo uma recuperação no consumo.

Em contraste, o Brasil experimentou um aumento recorde no turismo internacional, com 7,34 bilhões de dólares movimentados em 2024, superando as exportações de produtos como algodão e minério de ferro. O turismo no Brasil está em ascensão, com a previsão de que o número de turistas internacionais chegue a 2 bilhões até 2030. A desvalorização do real em relação ao dólar tornou o Brasil um destino mais acessível, especialmente para turistas argentinos, que aumentaram em 60% no Rio Grande do Sul em janeiro de 2024. O turismo doméstico também cresceu, com 120 milhões de viagens aéreas realizadas no Brasil em 2024.