Ações de consumo na Índia enfrentam desafios após cortes de impostos e expectativas frustradas

O relatório desta semana da CNBC, na sua newsletter "Inside India", destaca que, apesar do orçamento da União da Índia ter anunciado cortes de impostos significativos para estimular o consumo urbano, o impacto nas ações do setor de bens de consumo rápido (FMCG) tem sido limitado. O índice Nifty FMCG, que inclui 15 ações na Bolsa Nacional da Índia, teve um aumento inicial de mais de 3% após a apresentação do orçamento em 1º de fevereiro, mas caiu em 18 das 23 sessões seguintes, acumulando uma perda de quase 9% no ano, em contraste com a queda de 4,72% do índice Nifty 50. A expectativa era de que o aumento da renda disponível, resultante dos cortes de impostos que entrarão em vigor em abril, impulsionasse as ações, mas fatores como a preferência dos consumidores por produtos não-FMCG têm moderado essa reação.

Analistas, como Kranthi Bathini, da WealthMills Securities, apontam que a recuperação das ações FMCG não será imediata e que o setor enfrenta pressões devido a valorações elevadas e à saturação em alguns produtos de cuidados pessoais e domésticos. Pramod Gubbi, da Marcellus Investment Managers, observa que as empresas já capturaram uma fatia significativa do mercado, limitando o crescimento futuro. Além disso, a competição com empresas de venda direta ao consumidor tem afetado a receita das FMCGs tradicionais. Desde fevereiro, ações de grandes empresas como ITC e Hindustan Unilever sofreram quedas significativas, de 12,3% e 11,4%, respectivamente.

O cenário para as empresas FMCG não é otimista, com Bathini destacando a pressão sobre as margens devido à demanda fraca, refletida nos números do PIB do segundo trimestre. Contudo, o crescimento do PIB no terceiro trimestre, que mostrou um aumento de 6,9% na consumo privado, pode indicar uma possível recuperação. A incerteza persiste, e investidores se perguntam se devem continuar apostando no setor ou buscar alternativas, dado que as tendências de consumo permanecem irregulares. Harsha Upadhyaya, da Kotak Mahindra Asset Management, ressalta que as ações FMCG precisam de crescimento mais robusto ou avaliações mais baixas para um desempenho sustentável.

Em outras notícias, o Ministro do Comércio e Indústria da Índia, Piyush Goyal, visitará Washington para discutir um acordo comercial, em um momento em que tarifas recíprocas dos EUA estão prestes a entrar em vigor, o que pode resultar em perdas anuais de cerca de R$ 7 bilhões para a Índia. O governo dos EUA busca eliminar tarifas sobre importações de automóveis indianos, mas a Índia hesita em atender a esse pedido, embora esteja disposta a reduzir as taxas. A entrada da Tesla no mercado indiano pode ser facilitada pela remoção dessas tarifas, que chegam a 110%. Além disso, a startup britânica de smartphones Nothing está mirando o mercado indiano, após um crescimento de 557% no ano passado, destacando-se como a marca de smartphones que mais cresce em 2024.