Investimentos privados na Índia caem apesar de lucros recordes e crescimento econômico

O investimento privado na Índia enfrenta desafios significativos, com a participação desse setor no PIB caindo para 33%, o menor nível em uma década. Apesar de um leve aumento em 2022 e 2023, a análise de Icra sobre 4.500 empresas listadas e 8.000 não listadas revela que os investimentos de empresas não listadas diminuíram. Economistas, como Uday Kotak, expressam preocupação com a falta de "espíritos animais" entre empresários, sugerindo que muitos estão mais focados em administrar a riqueza herdada do que em expandir seus negócios.

Fatores como consumo interno fraco, demanda de exportação reduzida e a concorrência de importações chinesas têm limitado os planos de expansão das empresas indianas. Além disso, a falta de demanda é vista como um obstáculo crucial para novos investimentos, conforme apontado por Sajjid Chinoy, economista-chefe do JP Morgan na Índia. Embora a rentabilidade corporativa tenha atingido um pico em 15 anos, a queda nos salários tem restringido a capacidade de gasto dos consumidores.

Estruturalmente, a falta de inovação e a hesitação em explorar novos mercados também são citadas como razões para a estagnação do investimento. Rathin Roy, ex-membro do Conselho Econômico do Primeiro-Ministro, destaca que muitos empreendedores estão mais interessados em gerir investimentos do que em criar novas oportunidades de negócios. Essa tendência foi acentuada pela pandemia, que mostrou que é possível gerar retornos sem necessariamente expandir a produção.

Por outro lado, há sinais de que a situação pode melhorar. A redução das taxas de juros e um alívio fiscal de 12 bilhões de dólares no orçamento federal podem estimular o consumo interno. O Banco Central da Índia observa um aumento na intenção de investimento entre as empresas, embora a concretização dessas intenções dependa de um ambiente econômico mais estável e da superação das incertezas globais.